quinta-feira, 30 de abril de 2009

Do lado de cá.

Dei a ele um livro bonito, vermelho. Um livro sério, labirinto da solidão. Assim, se nomeia e qualifica o presente.
Sinto saudades delas como imagino, delas que só existem naquilo que invento. Quando vi, ouvi e toquei, não encontrei o que procurava, mas continuo buscando. Mesmo sabendo que são o lugar errado.
Fiquei ouvindo aquele moço falar da poesia que é ser artista e me espantando. Penso que cada um de nós tem a sua magia: o artista e também o engenheiro, o professor, o agricultor, o pescador, o médico, o seja-lá-o-que-for.
Segunda-feira, mais um avião vai cruzar os céus do Brasil, de Recife para Fortaleza. Depois de quase três meses. Aí, vai ser esperar 19 dias. 19. Que passem depressa.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Doendo, doendo.

Tive a impressão de nunca ter visto uma tristeza tão grande.
E isso me doeu mais que qualquer palavra, apesar de ter ouvido as mais difícieis.
Não entendo desse desespero que não vem acompanhado das catástrofes.
Alcanço a tristeza, a agonia, a angústia.
O desespero não.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dos dias.

Ganhei uma bolsa cheia dos espirais que desenho nas esperas, só que coloridos, de um jeito bonito demais. Tem gente que me adivinha de tal forma, que me espanta.
Recebi um e-mail do gmail, dizendo que a minha conta de brizamendez foi criada, en español. Quem é Briza Mendez, afinal? Acho que é paraguaia.
Mais um avião vai cruzar os céus do Brasil nesta sexta-feira, de Brasília para Recife. E eu fico nervosa e ansiosa. Pensando se vai dar tempo e querendo muito que sim, pra olhar, cheirar e abraçar. Ver o sorriso e ouvir a voz de perto, porque é assim que a vida deve ser, perto.
Terminei o livro de aventura e não tenho nada pra ler, apesar das possibilidades todas ali me esperando. Chegaram os Macanudos, 3 e 4. O 5 não acharam.
E já assisti Wolverine, hein? Ainda não finalizando, mas já bom que só. Sou super contra assistir filmes desse tipo sem ser no cinema, mas não pude resistir. Feriado, nada pra fazer e o DVD ali na minha bolsa. Tinha como? Não tinha.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Entenda.

Não é que eu queira fugir dos problemas, é só que não quero lidar com eles. Talvez, nem possa. Só que tudo me fala, me mostra, me lembra. O-tem-po-to-do. Sem descanso. E tenho me sentido exausta. E tenho me sentindo exausta há quinze anos. É tempo demais. É pesado demais. Problema é não poder dividir a responsabilidade com ninguém. É ser só eu comigo mesma. Numa luta que me sinto perdendo desde que começou.

Não.

Eu nunca quis ser Clarice Lispector, nem Amelie Poulain.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mimimis.

O moço na cadeira de rodas não deixa ninguém passar. Deve ser muito chato viver numa cadeira de rodas, mas as pessoas precisam passar. Ele não se move, nem um milímetro, pra facilitar. Acho que ninguém facilita nada pra ele, nunca. Só pode.

Chove-faz-sol-chove-de-novo. Gosto-desgosto-gosto-de-novo do livro que estou lendo. Desses bestas, de aventura. Muitas páginas antes de dormir, porque ando sem muita vontade de televisão. Ou me deito no sofá novo com a manta nova e espero o sono chegar. De um jeito ou de outro, acordo cansada como se tivesse acabado de ir dormir e os dias se arrastam.

Há anos pinto o cabelo no mesmo salão, há meses com a mesma cabeleireira e, vezenquando, acontece dela errar a cor. Resultado: red-ultra-power e vontade de chorar. E, definitivamente, não adianta pintar o cabelo uma segunda vez pra tentar deixar o vermelho menos vermelho. Certas cores resistem. Mas, isso foi ontem. Hoje, acostumei. Quase acho bonito, quase.

Dois dias de trabalho sem tanto trabalho e é um respiro em meio a correria de sempre. Se não fosse essa dor de cabeça que não passa. Se não fosse esse aperto no peito que não passa. Estaria bem. Estou bem. Mas, é uma tranquilidade esquisita, conformada a contragosto. Vai entender. Vai me entender.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Rotina.

Tem Carlinho, o basset que mora no andar de cima. Ouço os passinhos dele pela casa durante à noite, quando o barulho do trânsito diminui. Sábado, descobri que tem olhos claros. Descobri também que é o dono dele que fuma em cima da minha janela. O culpado pelas cinzas no meu chão e pelo cheiro de fumaça na minha sala.

Na área de serviço, tem um fosso comum. Dá pra ouvir as conversas, as discussões, as risadas, as crises de choro, as gritarias e o melhor: a trilha sonora do domingo. Tem gente que ouve rádio, gente que ouve CD e gente que canta mesmo. Adoro. O problema é quando as roupas estão secando no final da manhã, fica tudo com cheiro do almoço do vizinho.

O elevador de serviço gosta do quarto andar. A gente entra, aperta no P de térreo e ele sobe. Depois, para novamente no terceiro e só então desce. Semana passada, tentamos driblar essa engenharia. Deixamos o elevador parar no terceiro, subir até o quarto e voltar para o terceiro. Aí, entramos. Só que ao invés de descer, como era esperado, o elevador foi de novo para o quarto e repetiu to-do-o-pro-ces-so, não se deixando ludibriar por seres humanos que se acham mais espertos do que realmente são. Rá.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Feriado.

Dessa vez, a gente sentou nas cadeirinhas amarelas. O moço vendedor de CD’s fez um pout-pourri com músicas da igreja, pra rapaziada começar a pagar por todos os pecados, logo na sexta-feira de manhã. Tinha gente gostando, claro. Gente gostando, cantando e dançando. E eu que tinha saído meio amuada de casa, piorei consideravelmente. Foram muitos, muitos minutos até que o carrinho de cd’s fosse embora e o sol voltasse a brilhar. Aí, foi aquela alegria, né? Caldeirada, olha a caldeirada, amendoim, caldinho, camarão bem baratinho, faço um desconto pra você, freguesa. E a gente resiste. Uma água, por favor. Traz mais uma água? Uma Coca pra ele. Obrigada, moço. E tinha o namorado passando “dourador de pelos” na namorada, as princesinhas da praia desfilando de fio dental, o homem de chapéu e camisa e bermuda e cinto e meia e bota, tomando cerveja sozinho, a menina perdida com cara de choro, o menino com areia no calção. Uma manhã normal de feriado na praia. Eu gosto, gosto muito. O céu nublou e foi aquela coisa linda ver o cinza escuro do céu e o verde clarinho do mar. Mas, só choveu lá longe, no horizonte. O que foi uma pena, porque sempre acho muita graça das pessoas que saem correndo do mar pra não se molhar.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Da fé.

Gritei: “vem ver, vem ver, tem um monte de gente levando uma pessoa morta”. Achei que era um cadáver, deitado numa espécie de maca. Ao seu redor, várias pessoas, padres e coroinhas. Era a procissão do Senhor Morto, que vi pela primeira vez da janela da sala, quando morava perto da Igreja da Soledade. Ele me abraçou, enquanto eu ria e chorava ao mesmo tempo. Pela surpresa e pelo luto, que era nítido, mesmo de longe, mesmo do alto. Hoje, vi de novo pela televisão e quis estar lá. Gosto de cerimônias. Gosto desse sentimento comum que une e envolve as pessoas. É uma espécie de magia. Só pode.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nunca durmo direito quando o Sport joga na Ilha.

Nunca. Nem ontem, 2 x 0 pro Palmeiras. Os rubro-negros passam buzinando pela minha janela tarde da noite, muito tarde da noite. E quem torce contra – ô torcida cheia de desafetos – buzina também. Aliás, nos gols do Palmeiras era toda uma gritaria, tinha fogos até. Crianças vizinhas tinham passamentos. Histeria coletiva. Quando cochilava, peeeeeéin, buzina. Até nem sei que horas. Num dado momento, o sono driblou a barulheira e foi a salvação. Difícil foi acordar hoje de manhã e vir trabalhar com a cidade dormindo ou viajando ou aproveitando o feriadão que já começou. Pra mim não, hein? Tem nem hora para.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

De antigamente.

Meu pai escondia os ovos-gigantes-de-chocolate pela casa e a gente tinha que encontrar. Meu irmão sempre descobria onde estavam. Os dois, o meu e o dele. E dizia: “quem achou, ganhou”. Aí, eram gritos e lágrimas e pedidos implorativos pelo partido paterno. E nem precisava. Era só parte da brincadeira, que se repetia toda semana santa, todo santo ano. Depois, era a disputa pra ver quem demorava mais tempo pra acabar com os ovos. Quem vencia, se deliciava na frente do outro que, por sua vez, fingia não se importar. Morrendo de inveja e vontade. Vezenquando, acontecia do ganhador não agüentar e dividir o que sobrou com o irmão em questão, eu ou ele. Ninguém tinha dor de barriga, nem dor de cabeça, nem enjôo, nem essas chatices adultas de quando se exagera no chocolate. Talvez, porque não fosse exagero. Talvez, porque a gente nem soubesse o que danado era isso.

Tenho certeza que ela me entenderia.

E, ao mesmo tempo em que sinto alívio, sinto raiva. Pela impossibilidade. Por não poder ir lá e contar dos meus dias, dos meus medos, das minhas angústias, das minhas alegrias e das minhas vontades. Penso que escrevo aqui, como uma tentativa de. Mas, acho que não alcança. Porque ela mora muito longe, muito alto. Tem os olhos cheios de paisagens e preguiça das minhas escadas.

Tem dias em que tudo parece muito difícil-impossível.

Feito hoje. Aí, sinto inveja e raiva e tristeza e um cansaço sem fim. Por querer a mesmíssima coisa há tanto tempo e continuar não conseguindo. Até quando, hein? Será que isso vai mudar de uma hora pra outra? Será que eu vou mudar de uma hora pra outra? Nem desistir, eu posso. Quisera. De verdade. Mas, essa vontade de vida me impede.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Do que fica.

Lembro das manhãs no Centro de Artes. Das janelas enormes da biblioteca. Um mundo lá fora, outro lá dentro. Era bom estar. Não sabia direito o que vinha depois. As possibilidades todas ali. E a medida da esperança era a mesma da angústia. Ainda bem que passou. Nos últimos meses, era uma agonia voltar lá. Agonia dessas grandes. Mas, a sensação parece que não passa. Volta, quando me distraio. Depois do almoço, quando deito a cabeça na bancada do computador, não é diferente de quando fazia o mesmo, naquelas mesas de fórmica branca.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Aff.

É tanta correria que, às vezes, penso que não vou conseguir. O corpo sente, a cabeça dói, o coração aperta e tenho vontade de sair correndo. Mas penso: falta pouco. E penso nisso faz é tempo. Agora, é verdade. O desejo do dia inteiro é deitar na minha cama e ficar lá. Sem nenhum movimento mais. Mas chego em casa e muda tudo. Como muda também a minha vontade de silêncio, quando ele começa a me falar de coisas sérias, daquele jeito que me faz rir. Sim, o mundo tá doido. Sim, as pessoas procuram sentido onde não existe. Sim, a vida é complicada. Mas, tudo bem. Tá tudo bem. Nada é tão importante assim. É o que ele me diz, enquanto vamos da Boa Vista até Boa Viagem. E eu acredito, tenho fé até.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Cotidianices.

O sofá novo é lindo. Grande, cinza, aquadradado. Pra três pessoas de verdade. Três pessoas grandes até. Dá pra deitar sem ficar apertada e ainda tem uma partezinha na frente, que a gente puxa se quiser colocar os pés pra cima. Olho pra ele e sorrio, com amor e orgulho. Sim, me apego às coisas. O meu ter se confunde com o ser.

Os dias têm sido muito quentes. Aí, tem esse céu azul que eu gosto demais. Aliás, entre todas as partes do dia, as manhãs. Ainda mais quando amanhece bonito feito hoje. A gente se enche de esperança e fé. Deve ser o sol, ah, deve.

Muitos livros, poucos filmes. Esses dias, vi o Menino de Pijama Listrado. E o protagonista me lembrou uma das pessoas que mais amo nesse mundo. Resultado, o triste do final, ficou ainda mais triste. Saudade, minha gente, é coisa doída.

Trabalheira sem fim, mas ando entusiasmada com isso e nada parece difícil demais. A gente segue, mesmo atropelando aqui e ali, feliz & contente. Falando nisso, ontem foi lindo ver o meu irmão cheio de sorrisos. Por mim, o tempo podia morar ali. Tudo se ilumina, vocês nem sabem.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ideia

Continuo escrevendo idéia com acento.
Não acostumo jamais.
E queria viajar no próximo feriado.