terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Aí, você quer e tenta ser muitomuito otimista.

Mesmo com o mundo desmoronando ao redor.
E é difícil porque, de repente, parece que as pessoas desistiram ou se conformaram – apesar da dor e da tristeza desmedidas ou por causa da dor e da tristeza desmedidas.
Acaba que me sinto ingênua demais ou informada de menos, não sei.
Toda rotina se transforma e, ao mesmo tempo, tudo continua igual.
.
Cansaço e ainda nem começou.
Ou já teria terminado?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Eu esqueço de você muito.

Depois, lembro.
E penso em você muito.
Aí, chegam essas palavras que conseguem romper a distância.
De espaço e de tempo.
Porque foi numa outra vida que você veio me visitar.
Tenho as melhores e as piores lembranças.
Porque eu era assim tão completamente.
Não sei se sou ainda.
Não sei um monte de coisas e aprendi outras tantas.
Mas, você não sabe.
Você não sabe mais de mim.
E tudo bem, porque também não sei de você.
Mas sinto saudades da sua voz, do seu sorriso e desses seus olhos antigos.
Nunca mais vi- verei.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Eu não gosto do finzinho da tarde.

Não é dia, nem é noite.
E tem um jeito de "pronto, acabousse".
Também não gosto de estar aqui sozinha.
Tem dias em que a gente precisa ainda mais do Outro.
Mas, minha cabeça parou de doer, depois de quatro dias e isso só pode ser um sinal de que as coisas vão melhorar.
Hão de.

Um avião deve cruzar os céus do Brasil daqui a alguns dias.
E eu vou mudar de casa e de vida mais uma vez.

Pensava nele e a cabeça doía.

Pensava naquele lugar e a cabeça doía mais ainda.
Quando o corpo diz não, o jeito é aceitar.
Ou sofrer as consequências.
Hoje, não quis sofrer as consequências.
Não quis sofrer.
Porque sinto tudo, tanto, o tempo todo.
E ando cansada.
Extremamente cansada.
Abençoados sejam os dias de férias que virão.
Embora, não resolvam, ajudam.
É bom almoçar a comida feita em casa.
Ouvindo Maria falar que não arrumou meus livros porque são muitos e tinha medo de colocá-los no lugar errado depois.
Respondi que nem sabia pra quê tantos, que acho difícil ler todos numa vida só, nessa vida só.
E que os que ela viu lá são só a metade.
Quando se decide deixar pra trás uma vida em plural, metade dos livros vão morar numa outra estante, numa outra casa.
É triste sim.
Mas, depois de um tempo, a gente descobre que o amor sobrevive ao fim.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Eu me sinto diferente a cada dia.

Mas pego sempre o mesmo engarrafamento na volta pra casa.
De carona ou de ônibus.
Pra essa casa ou pr´aquela outra, não tem jeito.
É quase uma hora vendo os carros, os prédios e as gentes.
Nessa época do ano, tem também as luzinhas de Natal.
E essa noite, Júpiter e Vênus se avizinhando à Lua.
Ontem, Pablo me mostrou:

- Olha como a Lua tá linda com essas duas estrelinhas perto.

Não eram estrelinhas, eram planetas.
Mas, a gente não sabia e achou bonito mesmo assim.
Queria comprar luzinhas pra colocar no apartamento da Domingos Ferreira.
Queria fazer um jantar no dia 24.
Minha mãe disse que conversa com Caio quando ele chegar.
Porque ela acha que eu não entendo dessas coisas.
E tem razão, eu não entendo dessas coisas.
Mas, entendo de outras tantas, que eles nem desconfiam.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Vezenquando, a rotina muda e a gente muda com ela.

Acordo de manhã com o quarto iluminado, cheiro de café e pão torrado.
Ouço os dois conversando na cozinha e quero estar lá, quero fazer parte.
Às vezes, tento. Às vezes, não.
Sinto muita preguiça sábado de manhã. Domingo, também.
Mas, gosto de ir até à praia.
Ficar olhando as pessoas, sentada na cadeira colorida.
A gente conversa sobre tudo, mas nada importante demais.
Porque não é tempo de falar sobre coisas importantes demais.
Os dias têm sido de céu muito azul.
Naquele trecho, a areia não é tão povoada.
A menina de olhos verdes brinca na piscina de plástico.
O pai pede pra colocar mais um guarda-sol depois das 11h.
Que é quando vou embora.
O calor me dá dor de cabeça.
E a sombra não diminui o mormaço.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Tic-tac

Quinze minutos de espera viram meia-hora.
Meia-hora, uma hora inteira.
Todo atraso, atrasa a vida.
Porque o tempo tem pressa e não para lá fora.

Amanhã, é aniversário do meu pai.

E hoje, ele me disse que eu tenho em mim parte da alma dele. Assim, na hora do almoço, em meio a correria do dia, poesia.

Circiris.

Quando ela foi pra São Paulo, fiquei pensando em como é que podia uma menina pequena, viver numa cidade tão grande. Como se não soubesse que ela é muito maior do que parece. E cresce e se expande, de um jeito bonito de se ver. Lia as novidades naquele blog secreto e me preocupava com as saudades tantas. Principalmente, daquele menino que é tão feitinho pra ela. Aí, chegou o tempo de ficarem juntos, os dois. Colorindo uma cidade que é cinza. E ela me mandou as fotos da casa que é deles, assim, no plural. Pra que eu visse e dissesse alguma coisa de mim, porque sente amor e falta. E o que tenho pra dizer é que também sinto amor e falta e que fico feliz por ela estar feliz e realizando os sonhos todos. E sim, quero dormir no sofá oferecido, quero estar perto, quero que ela mexa no meu cabelo, enquanto conta histórias mirabolantes, enquanto ouve histórias mirabolantes. Porque somos moças de histórias mirabolantes, nós. Sendo que ela usa colares e eu não.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Passei a noite passeando pelo seu jardim.

E pensando em como são bonitas as suas flores. Queria poder te dizer. Queria poder falar contigo. Queria saber se você ainda quer brincar comigo. Não hoje, nem amanhã. Mas, o tempo há de dar jeito. O tempo sempre dá. De um jeito ou de outro.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Três minutos e meio.

A culpa é do sol que faz nessa cidade. Desbota as cores, queima a pele e faz a camisa da menina grudar nas costas de tanto suor. Vento não há. Nem perto do mar. Só no apartamento dela, onde falta água.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

<3

E mesmo depois de quase dois anos, ele me diz:

- Eu não quero nunca mais passar um mês longe de você.

E o coração tiquetaqueia macio e quentinho.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Você pensa que está seguro.

Só pensa. Porque não está. Porque não é mais possível. E não adianta morar numa avenida movimentada, em um prédio com muitos apartamentos, com vigias e porteiros. Não. Você toma um susto de manhã e passa o dia com uma sensação esquisita. Porque é seu aquele espaço. E o Outro ignora. Não há respeito e mesmo que não haja violência física, existe essa outra - muito enormemente gigante - que é transformar um lugar que lhe é familiar em alguma coisa nova e desconhecida. Nova e desconhecida num sentido muito negativo, entendam.

Mas, passará. Passaremos todos.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Das fases.

Tem essas fases em que os problemas são práticos e a gente esquece dos problemas inventados.
Espero conseguir resolver.
Espero saber usar as palavras certas, na hora certa.
E depois receber um SIM bem grande como resposta.
É disso que eu preciso.
Na verdade, precisava não ter que perguntar.
Pelo menos, dessa vez.
Pelo menos, nesse caso absolutamente específico.
Sou dessa opinião.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Meu estômago dói.

Sinto uma saudade medonha. Faz tanto tempo que a gente não conversa, apesar de se falar sempre. Mas, não é a mesma coisa, tá longe de ser a mesma coisa. E eu me preocupo tanto, porque queria que tivesse tudo bem contigo o tempo todo. Como se fosse possível, né? Aí, rezo no caminho pra cá e rezo de novo na volta pra casa, só pra garantir. E penso bem bem forte pra que dê tudo certo, pra que dê tudo MUITO certo e teu sorriso continue amanhecendo as gentes.

domingo, 12 de outubro de 2008

16:44

Um vento quente, feito mormaço.
E olhe que tem uma mangueira ali no quintal.
Daqui de cima, ouço os muito risos lá embaixo e acho graça mesmo sem saber de quê.
Daqui de cima, vejo o céu azul clarinho das Fortalezas.
Tudo é tão cheio de luz, mas tão.
Sinto muita vontade e muita preguiça.
Ele me faz dengo e café.

Nas Fortalezas.

Antes de viajar, sempre fico muitomuito ansiosa.
Depois de viajar, sempre fico muitomuito cansada.
Mesmo que seja de avión.
Mesmo que seja só chegar, embarcar, decolar, aterrisar e encontrar Dona Neusa e Seu Edvar no aeroporto.
É tudo muito.
Eu sou tudo muito.
Depois, relaxo.
E falo demais e rio demais.
E tenho uma vontade medonha de passear pela cidade.
E acho que em Fortaleza o sol é mais quente e o céu mais iluminado que em Recife.
O que me dá dor de cabeça, mas nem me importo.
Das outras vezes, percebia o sotaque diferente das pessoas.
Dessa vez, percebo o meu sotaque diferente.
E falei três vezes "danousse" só ontem.
Ele acha graça e disfarça, que eu sei.
E meu celular não quer ligar pra casa, mesmo discando 0-41-81
Era mermo o que faltava.
Ontem, a gente ia assistir Linha de Passe.
Chegou atrasado no Dragão do Mar e foi ótimo, porque era dia de Tangolomango.
E o mais maravilhoso foi um grupo da Venezuela chamado Ellegua.
Me encantó.
Teve também Banda Cabaçal Zabumbeiros do Cariri e Santo Antônio.
Muita rabeca e tambor.
E detestei muito demais o Maracatu Vigna Vulgares.
E olhe que tinha tudo pra ser uma delícia, mas.
"Açaizeiro popular" foi demais pra mim.
Pra mim, né?
Há quem goste, há de haver.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ai, ai.

Aí, teve esse medo gigantesco de nem sei o quê, uma angústia medonha no coração. Não foi bom ficar ali por tanto tempo. É que apesar de ter a ver comigo, aqueles pensamentos não eram meus. Mas, acabou que me senti tão perto, tão dentro, que quase me confundi. Ondas de ternura e vontade de cuidar. Como se fosse possível. Desentendi a minha raiva de antes, pra depois compreender de novo. E compreender com força. Dor de cabeça e enjôo, porque somatizo. Hoje, volto lá outra vez e recomeço. Quero olhar até gastar. Quero que passe. De novo.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Conversa fiada.

E é uma correria sem fim.
E a vontade é de que o tempo corra também, porque tenho pressa de chegar em casa.
Não há lugar melhor nesse mundo, não há.
Agora, a gente tem sol durante o dia.
E à noite, já não faz tanto frio.
Outra novidade, é a lagartixa que descobri no sábado morando em cima da porta.
E os livros novos que chegaram.
Falando nisso, quatro páginas me separam do final do livro azul.
Reviravolta no final e duas ou três surpresas.
.
Assisti Ensaio sobre a cegueira e achei bonito que só.
No final, a gente ficou ali, parado, sentado, querendo guardar aquela sensação por um tempinho mais.
Também gostei de Antes que o diabo saiba que você está morto.
Vejam, vejam.
E hoje é dia de O mistério do samba.
Antes, um café com leite e um capuccino, por favor.
Capuccino do grande, que a moça bonita disse que o pequeno era invencionice e não dava pra sentir o tão gostoso que é.
Então tá.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A cada volta.

Sou a mesma, mas completamente diferente.
Você me encontra outra e nem desconfia.
E se desconfia, disfarça.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dá um desamparo isso.

Um desacreditamento medonho.
E essa raiva, que não passa.
Há dias, arde e me queima.
Vai acabando com algo muito terno e quase ingênuo.
Devagar, bem devagarinho.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Das melhores coisas dessa vida:

Dizer sim, quando ele pergunta se eu posso.
Seja lá o que for.

E foi uma hora ensolradada, em meio a esses dias nublados.

Dos medos.

Eu falei que não queria saber o que vem depois e é justamente pra esse lugar que você me leva.
Não sei se não ouviu, se não levou a sério ou se não se importa.
Mas, vezenquando, acontece de querer soltar a sua mão e isso dói que só.
Penso que você nem imagine o quanto.
Ainda bem que é sexta-feira e faz sol.
E o mais bonito foi olhar pra trás e ver que ela estava na janela me olhando e fazendo festa.
Do mesmo jeito que eu fazia pra ela antes.
Talvez, o amor se espalhe de tal forma que leve essa angústia pra longe.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Será que isso se nomeia ansiedade?

Essa angonia-mão-gelada?
É a primeira palavra que vem à mente.
A resposta imediata à pergunta que teima em existir.
Mas, a verdade é que eu não sei.
Talvez, seja cansaço só.
Talvez.
É um quase medo do que vem a seguir.
Não medo-pavor, mas medo-expectativa, sabe?
Um desejo de aceleramento do tempo pra que esse depois chegue logo.
É, deve ser ansiedade.
Há de ser.
E cansaço, porque ansiedade cansa.
E a vida também.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

E quando a noite mais doía, o telefone tocou.

Do lado de lá, uma voz cheia de sorrisos, me adivinhava a precisância. E me falava das cores do dia e dos desejos de amanhã. As palavras se atropelavam no entusiasmo das novidades. O silêncio, quando havia, não parecia cheio de não-ditos. Era só o espaço entre um pensamento e outro. Era disso que precisava, tão pouco e tão simples, mas de difícil entendimento para a maioria das gentes.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Desenha na folha em branco.

Sente o tiquetaquear do coração. Acelerado e forte. No ritmo dos seus dias. Fecha os olhos e tenta se concentrar na respiração. Desiste. Adivinha a dor de cabeça que se seguirá. O cansaço é tanto, que é impossível pegar no sono. Olha a hora no celular e pensa que vai ser pouco tempo pra dormir. Passa o hoje a limpo. Gosta de lápis e borracha. Desiste de organizar mentalmente o amanhã. Estica o braço esquerdo até alcançar o livro azul. Lê 12 páginas, mas não é todo mundo que consegue escrever um policial com o suspense necessário. Manda uma sms. Duas. Não tem resposta. Já é tarde. Se preocupa por exatos 2 minutos, mas acredita que está tudo bem. Precisa ter mais fé. Exercita. Se começar agora, talvez, ainda haja tempo. Por outro lado, já é tão tarde e amanhã vai ser um dia tão cheio... A fé pode esperar. Tem removido montanhas sozinha.

sábado, 6 de setembro de 2008

São dois sóis.

Um mergulhado no ázul do céu, outro no verde do mar. Mão direita toca a água e faz o sinal da cruz. Respeito e proteção. Caminha em direção a esse horizonte impossível, olha pra trás e sorri iluminado. Lava a alma e volta pra casa.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Do que se compartilha.

E se você me perguntar:
O que é que tá acontecendo?
Vou responder que não sei.
Porque não há outra resposta possível.
E se eu te perguntar:
O que você acha que tá acontecendo?
Você vai me responder que não sabe.
Porque não há outra resposta possível.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Descompassada.

Queria que meu pensamento tivesse a mesma vontade de silêncio que a minha voz. Enquanto calo, grito por dentro.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

É que.

Tá tudo tão bem que, mesmo uma notícia dessas preocupantes, não parece ser assim tão ruim. Dá uma agonia no peito, mas ele olha pra mim cheio de uma certeza e uma tranqüilidade que ainda não alcanço, mas que tento absorver e guardar aqui dentro. Inspira-expira-e-pego-no-sono.

Hoje, acordei acreditando que tudo vai dar certo sim, muito certo. Isso não é de mim, não é. Sou cheia de crises e agonias e desesperos antecipados. Rainha das caraminholices. Ou era, né? Porque tenho andando com essa alegria de vida já faz algum tempo. Tem as TPMs, os aperreios aqui e ali, mas, puxavida, me sinto tão mais calma, quase alividada.

O machado, aquele que ficava aqui bem em cima da minha cabeça, não está mais. Ou, se está, aprendi a conviver com ele.

Deus conserve.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Esmalte Quinta Avenida

Circe me deu a dica.
Enjoada que eu tava de vermelhos, escolhi esse quase-magenta.
Aí, olho e lembro dela.
Chegando esbaforida e cheia de colares.
Isso foi n´outro tempo.
Agora, ela alegra a vida das pessoas lá pelas bandas de São Paulo.
Sei que ela alegra a vida das pessoas porque foi isso que ela fez com a minha, é isso que ela ainda faz.

Um post saudoso esse, perdoem.
Mas, é saudade dessas boas, porque sei que ela tá feliz e fico feliz por ela.
Que só que só que só.

E orgulhosa, né?
Da minha pequena que tá ficando cada vez maior.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Exato momento.

Unhas vermelhas combinando com a minha sombrinha.
A cidade diluvia.
Distraídos, falamos do tempo ao mesmo tempo.
Ele vê a chuva que eu ouço.
Nos adivinhamos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

E eu não me canso.

Quanto mais dias passam, melhor fica.
Há mais intimidade, mais cumplicidade, mas essas coisas todas que a gente constrói com o tempo.
A rotina dos dias é compartilhada. Tudo é plural. Mesmo cada um sendo total e absolutamente singular.
É tanta coisa aprendida e apreendida entre um piscar e outro, entre uma palavra e outra, entre um sorriso e outro.
Uma casa e uma vida pra cuidar.
Espero as margaridas, mas já tenho uma flor azul pra colocar na estante e ela me sorri.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

On.

Descobri que a porta da rua é mesmo a serventia da casa.

Expulsei o sentimento ruim dos últimos dias e me sinto muitissimo aliviada.

Não precisei fingir que está tudo bem, porque está tudo bem.

Tenho uma amiga pra cuidar e poucas coisas são mais importantes nesse mundo agora.

Recebi ligação de saudades logo de manhã e senti ondas de ternura que vão se espalhar pelo mundo.

Tatit disse que me ama e me deu seis linhas de alegria, que também vão se espalhar pelo mundo.

Disse a ele que não precisava ir comigo, mas ele foi e vai.

A porta está fechada, não adianta bater.

E foi tão bom constatar que não me atinge mais. Não me entristece, não me aborrece, não me tira o sono. Passa por mim. Mas, não me atravessa. Foi-se o tempo. E foi-se o tempo faz tempo. Deusconserveamém.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Do que não é teu.

Aí, me veio a lembrança daquela rua que terminava numa escadaria por onde não passo mais. Tive a impressão de caminhar lá contigo. Só que nesse tempo, nem sonhava com a tua existência. Primeiro, achei engraçado. Depois, triste. Não é direito roubar lembranças que não são tuas. Não é. O presente já é tão grande e tão teu. O antes não. O antes não compartilho.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Eu não pratico o desapego.

Não deixo pra trás, trago comigo.
Coloco em outro lugar, arrumo de outro jeito.
Mas, a minha escolha é não abrir mão.
De muito pouca coisa, de muito pouca gente, é verdade.
Do que entendo por ser meu, nesse mundo tão cheio de impessoalidades.
Apesar disso, a vida é nova agora.
E ainda tomo sustos com a rotina dos dias.

Aí, ele aparece ali na porta, com cara de sono e diz:

- Na Alemanha, nasceram dois gêmeos. Um preto, outro branco. E ri bonito que só.

Sonhem com os anjos, meus amores.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Segunda-feira

É difícil sair da cama de manhã. Muito difícil. É difícil sair do chuveiro quente. Muito difícil. Mas, ele faz o meu café e acha graça da minha cara de sono e me leva lá naquela avenida movimentada e atravessa a rua segurando a minha mão. A gente conversa e ri e faz planos pro dia que começa. Hoje, com sol. Calorzinho bom danado na pele e na alma.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Atualizando.

Dra. L. disse pra continuar com a dieta descarboidratada, mas incluiu mais frutas, iogurtes diet, pão centeio, feijão verde, ervilha, fava e olha que maravilha: tapioca com queijo. Ô alegria!
Disse que os 3kg que estão dentro do esperado. Então tá.
Ficou preocupada quando disse que a minha glicose ficou bem mais alta que o normal.
"Não era pra ter acontecido".
Isso eu também sei.
Precisava era de uma explicação, que não veio.
Volto no final do mês.
Até lá, é continuar evitando quase tudo.
A sorte é que tem um menino bonito e prendado lá em casa, que faz delicinhas no café da manhã e no jantar...
E quando digo lá em casa é lá em casa mesmo. Na minha. Pra onde voltei sexta-feira. Quando outro avião cruzou os céus do Brasil, de Fortaleza pra Recife.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sexta-feira, louvadoseja.

A TPM impera.
E tem como aliada essa dieta chata que me deixa ainda mais irritada e impaciente e intolerante.
Ontem, fiquei na cama sem conseguir, tendo pensamentos destrutivos e mandando sms´s do mal.
Nem a Internerd me distraiu, nem o livro da detetive, nem todos aqueles canais.
Fiquei ali, concentrada na minha própria existência, no lado negativo, claro.
E olhe que antes de chegar em casa teve carona-feliz, passei lá em Glória pra fazer a sobrancelha e descobri que perdi 3 quilos.
Tomei sopa, fiz mini-compras, telefonei pra fofocar, telefonei pra contar as novidades...
Quer dizer, nada indicava o terror.
Tá, quebrei a unha, mas venhamoseconvenhamos, não condiz, não cabe, não justifica.
E sozinha em casa, hein?
O que não ajuda.
Mas, sobrevivi e hoje é sexta-feira.
O que significa que amanhã é sábado e poderei acordar muitas horas mais tarde.

De bônus, que também sou Filha de Deus, talvez - mas, só talvez - tenha a companhia do menino mais bonito.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Cotidianices

Eu tenho as unhas muito vermelhas agora.
Disse a Lia que queria um vermelho mais vermelho que o Carmim. "Pinta de Luxo". Pintei. Olho pras mãos e gosto e me sinto mais feliz e contente, apesar do cansaço e da saudade. E dessa dieta chata que me persegue. Ou quem persegue a dieta sou eu?
Ainda não tive tempo (e, sendo sincera, vontade) de ir lá na Dra. L pra saber se continuo ou mudo de estratégia. Porque né fácil não, hein? Só carnes, queijos, ovos e afins. Nada de delicinhas. Nada nem de delicinhas hipocalóricas. Hipocalóricas é o fim, né? Tanta palavra bonita e glamourosa e eu nessa. Mas, é uma vida inteira nessa luta, minha gente. Vocês não têm noção. Ou têm.
Fora isso, muito trabalho, alguns filmes, 4400, the closer, um livro ou outro (Máquina de Pinball entretem que é uma beleza).
Tem também uma Juliana nova, que é de peixes e ri o tempo todo, feito a outra. Será culpa do nome ou do signo? Talvez, dos dois, vai saber.
Pra terminar, um ps (que é mais uma dúvida): o que leva uma pessoa a se esforçar tanto pra parecer tão especialmente diferente dos outros seres humanos todos?
Eu não entendo, ó. E se eu pudesse aconselhar, diria: pára.
É feio e é bobo.
Mas, o que é que eu tenho com isso, neah?

No mais, fé em Deus e pé na tábua.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

segunda-feira, 23 de junho de 2008

E chove.

Como chove toda noite de São João. Tá, não sei se é toda, toda. Mas, na minha lembrança é assim sempre. E o céu fica cinza de tanta fumaça. Fogos e fogueira. Nariz entupido e espirra-espirra de alergia.

Acho que é a primeira vez em anos que fico em casa, assistindo filme e fazendo de conta que é um dia como outro qualquer. Porque não é. Porque o clima é outro. E porque desde 99, 23 de junho é também aniversário de Fredy, Tutu.

Ano passado, ele tava em Brasília. Esse ano, ele tá aqui, mas gente não conseguiu se encontrar no dia de hoje. Tão esquisita uma coisa dessas e ao mesmo tempo, nem é. Melhor não aprofundar o pensamento, melhor não seguir nessa direção, porque hoje não é dia pr´essas coisas.

Talvez, não haja dia pr´essas coisas e eu deva parar de pensar tanto sobre tudo o tempo todo. Cansa demais coisa dessas. Exaure. Exaure existe? Deve existir.

Pra completar, continuo com essa dieta descarboidratada e não posso comer nada que quero comer. Milho, não pode. Canjica, não pode. Os bolos todos, também não. Ou seja. Ir dormir, né?

E já que o clima é de desabafo reclamativo: sempre sonhei em ser rainha do milho e nunca consegui. Nem quando levei a minha própria coroa. É que a quadrilha demorou demais, eu tinha que trabalhar no dia seguinte... Acabou que dei de presente pra Dona, a Ellen e nunca mais vi. Nem a coroa, nem ela.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Dez para às sete e eu ainda aqui.

Na agência. Greve de ônibus. Esperando carona que já está presa no engarrafamento ha mais de 40 minutos. A volta pra casa também deve ser demorada com as obras naaquela avenida lá. E o meu desejo era estar naquele apartamento quentinho no frio. Porque o inverno começa hoje e a temperatura lá em casa, nessa nova casa, é amena. Gostosa assim. Da janela, a gente vê, antes do olho avançar pros prédios, aquelas árvores bonitas, que deixam suaves as cores do dia. Fora, os peixinhos laranja. Carpas, ele me ensina e eu aprendo, apreendo.

Ontem, o colchão voltou pra cama.

Na quarta, teve Brasil x Argentina e a gente dormiu na sala com a televisão. Depois do jantar de inauguração do apartamento, claro. E não saí da dieta, hein? E olha que eu tava com uma enxaqueca medonha, o que justificaria. E tava com uma enxaqueca medonha há 5 dias, o que justificaria mais ainda. Mas, esses são velhos tempos de compensações e merecimentos alimentícios. Tô tentando me livrar, mas é todo um karma. Aff... Deus é mais.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Das mudanças.

Minha nova casa fica numa avenida cheia de prédios, num prédio cheio de apartamentos. Em cada andar, quatro. O meu, fica do lado direito de quem sai do elevador. Na porta tem um olho mágico e um tapete colorido por mim escolhido. Continuo acendendo todas as luzes ao chegar e agora posso escolher banho quente ou frio, um banheiro ou o outro. Ainda não sei onde colocar cada coisa, mas elas começam a tomar os seus lugares. O espaço é maior do que o que tenho pra colocar lá, mas sei que isso é questão de tempo. Na primeira noite, me senti uma estranha no ninho que é meu. Hoje, os livros voltam pras estantes e vou me sentir mais acolhida. É uma construção. A do que se chama lar.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Feito oração.

Que todo mundo tenha um amor quentinho. Descanso pro complicado do mundo. Surpresa pra rotina dos dias. A quem esperar. De quem sentir saudades. Um nome entre todos. O verso mais bonito. A música que não se esquece. O par pra toda dança. Por quem acordar. Com quem sonhar antes de dormir. Uma mão pra segurar, um ombro pra deitar, um abraço pra morar. Um tema pra toda história. Uma certeza pra toda dúvida. Janela acesa em noite escura. Cais onde aportar. Bonança, depois da tempestade. Uma vida costurar na sua, com o fio compriiiiido do tempo.

Feliz Dia dos Namorados, meus amores.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

É que.

À noite, dobro aquela esquina e me sinto em casa. É uma coisa muito maravilhosa. Porque demorou, hein? Um bocado. E logo ali, naquele pedaço, tem um vento bom danado, que vem do mar e assanha meu cabelo. Só pra lembrar do que faz bem e começar o dia.
Hoje, acordei assim toda saudosa e com vontades que vão ter que esperar. Nem sei até quando. Mas, ele disse que não demora e eu acredito. É preciso ter fé nessa vida. Eu preciso ter fé nessa vida.
Tenho tido pensamentos sombrios e não consigo dormir à noite. E sabe o que é pior? Não consigo fazer nada a respeito e depende – unicaexclusivamente - de mim.
Vou naquela médica lá no começo do mês que vem e pedirei ajuda. Sozinha, não tô conseguindo. E não tô conseguindo faz é tempo.
Devaneios, pessoal. Nada demais não. A quem interessar possa, eu tô bem. Como há muito não me sentia. Isso aí dos pensamentos (e das coisas que preciso cuidar e resolver e consertar) é um parêntese e é deveras chato e complicado. Mas, não faço disso (ou tento não fazer disso) o centro do Meu Universo. É só um pedacinho de um todo muito maior que, no geral, tem sido muito feliz. Deus conserve.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Das entregas

Tinha esquecido do perigo que é colocar o seu coração nas mãos do Outro e dizer: toma, faz o que quiser. Porque você tem uma espécie de fé cega de que não-claro-que-não essa pessoa – não essa pessoa no mundo – vai me machucar. Como se o amor ou a amizade fosse impedimento para tal. Não é. E dói, ó. E é sempre um susto. Sempre. Dos não-felizes. E fazem com que a gente perca o sono à noite e passe todo o dia seguinte com dor de cabeça e angústia no peito. Ainda bem que passa. Sempre passa.

Uma observação: continuo sendo muitomuitomuito a favor de ser a Zona de Conforto de quem a gente gosta. Vamo tentar, né, minha gente? Assim, com dedicação, fé e força.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Porque tem dias em que não se amanhece.

Mentalmente, percorreu as horas que se seguiriam e não encontrou motivo pra sair da cama. Ouviu o telefone tocar. Uma, duas, três, dez vezes. Pensou em quem poderia ser e não encontrou motivo pra atender. Não queria fazer perguntas, nem pensar em respostas. Sabia da impossibilidade de explicar o que não cabe em palavras. Lembrou da noite anterior e de como dissimular alegria, entristece. Sentiu todo o cansaço dos últimos dias, dos últimos meses, dos últimos anos. Quis afundar na cama como quem mergulha em água morna. Quis descansar daquela pele, daquele corpo, daquele coração que tiquetaqueava sobressaltado, porque não conhecia outro ritmo que não fosse essa agonia. Desejou se perder de si mesma de uma vez para sempre. Nunca conseguiu.

terça-feira, 15 de abril de 2008

9 dias.

Ele acha que 10 dias é pouco tempo pra resolver tudo que precisa. Eu acho que 10 dias é muito tempo, porque esperar é sempre demais. De qualquer forma, agora são 9. Mas, tá tudo bem, apesar da distância e da saudade. Como diz Tatit, a gente precisa aprender a ficar feliz com as cotidianices e parar de enfeitar a dor. Eu concordo demais. E faço feito ela. E tento todosantodia. Tem funcionado. Dessa vez, nem antecipei a tristeza da despedida e aproveitei o fim de semana como se nem. Aprendizados. Desde então, tenho corrido. Na agência tá tudo meio parado, fora daqui miliuma coisas pra fazer. Ontem, teve almoço feliz, pão de queijo no Paço e lançamento de projeto na Joaquim Nabuco. A noite ia terminar muito bem, se soubesse lidar com as pessoas que amo (se soibesse lidar com as pessoas). Mas, pra isso, ainda falta um tanto. E chorei, chorei, chorei. Pedi desculpas, ouvi desculpas e fui dormir com coração apertado. Porque não passa assim de uma hora pra outra. Hoje, foi dia de fazer compras até então adiadas com direito a almoço porcaria porque ninguém é de ferro. Cansada. Bem muito. Quero a minha casa, a minha cama e aquele livro lá. Demora.

terça-feira, 8 de abril de 2008

sexta-feira, 4 de abril de 2008

É assim.

Eu escrevo pra não vomitar, porque é um mundo de sentimento aqui dentro e não tenho com quem compartilhar ou não tenho como compartilhar ou. Nunca aprendi e guardo e guardo. Uma hora, mingua ou transborda. Conforme for. Não queria ser tão subliminar. Não queria que os detalhes todos fizessem tanta diferença. Não queria que as datas me doessem. Fico imaginando se não sofro à toa. Penso que sim, mas hoje sei que não é escolha e não me culpo mais.

Pode mexer no meu cabelo agora.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

É um tempo de aprendizado, esse.

Tenho me sabido tão mais. Tenho me prestado tanta atenção. Tenho gostado da minha companhia, sabe? Pra variar. Pra variar, depois de anos e anos. Tenho mais consciência dos meus pensamentos, sentimentos e movimentos. Tenho mais consciência até da minha inércia. Sei o que me faz bonita e o que é feio em mim. Sei o que me alegra e o que me dói. E tudo me completa, me constrói, me faz maior, melhor. É um tempo de morar aqui dentro e ser um bom lugar. Pra mim.

Das escolhas.

Há alguns meses, fiz uma escolha. Mas, não consegui convencer a mim mesma de que era a melhor. Era a mais prática, a mais econômica, a mais segura. Já a melhor, não sei. Nunca soube. E isso me consumiu o pensamento por dias e noites. Muitos dias e muitas noites. Aí, como não tinha jeito, assim, a curto prazo, deixei pra lá. Relaxei e resolvi aproveitar. Consegui, mas muito não. Não tanto quanto queria e devia. Agora, vou ter a chance de escolher de novo. Não por querer, mas por ter que. A vida se encarrega de pôr as coisas no lugar. E meu lugar não é mais ali, não é mais ali, faz tempo. Ontem, a notícia me pareceu um problema. Hoje, sei que é solução. O que sinto no coração é alívio. Ainda bem que não posso fazer nada. Na-da.

terça-feira, 25 de março de 2008

Solta a minha mão.

Você não me conhece, nunca me conheceu. Era preciso muito mais tempo. Muito mais tempo e muito mais sal. Era preciso vontade de entrega. Era preciso vontade. E não houve. Não o bastante. Eu sei e você sabe. E por mais que você conte outra história por aí, seu coração sabe que é verdade. Então, pára. Acho que o tempo de confundir, de aumentar, de inventar, acabou. Não adianta continuar me olhando, sem me ver. Você nunca me viu. Você nem sequer tentou. Criou essa personagem pra mim: feia, malvada, egoísta, cruel, mas não me serve a carapuça.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Jogo da verdade.

E se você me perguntasse se acho que a culpa é sua, eu diria que sim.
E se você me peguntasse se acho que você pode fazer alguma coisa, eu diria que pode.
E se você me perguntasse se não acredito em você, eu diria que acredito.
Como também acredito que, às vezes, você não sabe o que faz.

Todos os dias, ele cobre o passado com o lençol branco preferido.

Como se assim, ela não fosse perceber um elefante no meio da sala. Pelo esforço dele, ela disfarça. Arruma os móveis e a vida, como se não houvesse um animal enorme e feroz à sua espreita. Imagina o que ele imagina. Imagina se ele, realmente, acredita que omitir faz inexistir. Feito mágica. Entende como cuidado, como carinho. Por isso, finge que não vê. Enquanto ele, finge que não sabe que ela finge que não vê...

O problema é que o passado é bicho teimoso. Certas noites, faz um barulho tão medonho, que não deixa ninguém dormir. E o lençol branco preferido não consegue esconder as palavras que grita, mesmo em silêncio.

terça-feira, 18 de março de 2008

Aprendizados.

Ele vai, mas fica na lista rabiscada de coisas pra casa nova, no número de telefone que esqueci de copiar no celular, nas Havainas preta e branca, no copo azul, na pasta vermelha, nos chás guardados no armário, na coca-cola na geladeira, no cheiro do sabonete, na toalha atrás da porta, no lençol preferido que agora é meu, que agora é nosso. Porque ele diz que preciso me conjugar no plural e eu escolho o verbo com-par-ti-lhar.

Ele vai, mas fica cada vez mais em mim.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Aí, você fala isso e aquilo.

Eu ouço, sem dizer palavra. O que me vem à mente, o que fica ali, na ponta da língua, ia lhe parecer agressão. E eu passo. O problema é que fica latente, não adormece. Tarde da noite, olho pra você e a minha vontade é de falar que a minha opinião é. Mas, sinto tanta ternura, tanta doçura e penso que não é justo pintar um quadro feio, da paisagem que lhe parece tão bonita. Pego o pensamento pela mão e levo pra longe desse campo minado. Contigo, quero passear mais leve.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Inspira, expira.

É estranho andar pelo mesmo jardim de mãos dadas com um novo senhor do castelo. O tempo é outro, mas o espaço quase não mudou. De olhos fechados, sei o que encontro se esticar o braço ou der dois passos pra esquerda. Aí, o Antes invade o Agora sem cerimônia. Sente-se em casa, senta e fica. O peito se enche de lembranças e mal consigo respirar.

A verdade é que quero-muito-preciso aprender que é igual, mas diferente.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Cotidianices.

Tenho uma cama branca, que combina com o guarda-roupa branco. Tenho um colchão honesto, que receberá lençóis coloridos e felizes. Meu quarto já é um quarto. Não sei se vou me acostumar com as luazinhas e estrelas que acendem no teto. Quero uma luminária bonita pra poder ficar lendo até mais tarde. Porque agora leio até mais tarde. Continua sendo difícil dormir, sabe? Até me re-acostumei a assistir televisão. Meu chefe fica contente porque vejo todos os comerciais da concorrência e posso dar a minha opinião nas reuniões de pauta. Ainda prefiro filmes. Ganhei Dois dias em Paris e Persepolis. Só comecei a ver e já tô gostando. Também ganhei a trilha de Juno, mas o CD da vez é o Clube da Esquina, que dá um calorzinho no coração e faz pensar verde.

=)

Os dias tem um ritmo diferente quando não são só meus.
Acho que danço mais bonito quando tenho par.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Se fosse só respirar, nera?

Mas, não é. Há 13 anos, viver tem sido uma luta de todosantodia, amém. Eu canso, mas sigo. E é uma batalha de Mim para Comigomesma. Por mais amor que o Outro me tenha. Ajuda segurar a minha mão, ajuda dizer que vai ficar tudo bem, ajuda fazer cafuné, ajuda velar meu sono, ajuda estar perto. De verdade. E ando precisada, embora não consiga dizer em alto e bom som. As palavras me fogem. Aí, desenho.

terça-feira, 4 de março de 2008

"Ele ligou. O que é que eu faço?"

E a única resposta em que consigo pensar é LIGA DE VOLTA. Isso, se a vontade for maior que o orgulho, for maior que o receio. Se não for, já perdeu a graça. Mas, enquanto o nome dele nas ligações perdidas do celular, fizer o coração acelerar e as pernas tremerem, liga. Liga de volta. Arrisca e petisca.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Eu não quero mais esperar pelo dia 05.

Eu não quero mais esperar por dia nenhum. Eu não quero mais esperar. Achei que essa fase já tinha sido superada. Que seriam muitos dias sim, poucos dias não. Mas, a vida atrolepa os planos e muda a rotina de lugar. Eu entendo. Eu aceito. Mais por não poder fazer nada, que por ser uma pessoa compreensiva. Hoje, eu não sou uma pessoa compreensiva. Amanhã, quem sabe. O cansaço me consome. E eu queria poder parar de sentir, por um dia ou dois.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Do que assusta.

Quando falo desse meu cansaço, você diz que tá tudo bem e que essa agonia já, já passa. Mas, eu sei - e você sabe - que não tá tudo, exatamente, “bem” faz é tempo. E passar, passa, mas sempre volta. Porque é peso pr´uma vida inteira. A maior parte do tempo, caminho leve e me distraio com as cotidianices. Mas, vezenquando, pesa tanto que chega a doer. Tudo pára, o peito aperta e o pensamento gira e gira ao redor de um único eixo. Depois, a vida segue e eu sigo junto. Mas, por enquanto, não consigo sair do lugar e você não tá aqui pra abrir a porta.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Mes-se-ja-na.

O que eu queria mesmo, era que perto lá de casa, tivesse um café da manhã feito da Padaria Nogueira, lá na Messejana. Acordei com esse desejo. Tá, tem a Diplomata ali do lado. Mas, é tão loja de conveniência, apesar das delícias. E lá no Nogueira é tudo tão madeira com toalhas quadriculadas com florzinhas coloridas com moças sorridentes com pão quentinho. Ai, ai. E adorei falar Messejana. Mes-se-ja-na. Acho que queria morar lá. E pegar filmes na locadora do posto. É. Crio vínculos muito rapidamente. Ah, e lá na lagoa tem uma Iracema gigante, gi-gan-te. Pra mim, tem cara de Iara, que também era índia e bonita que só, mas morava lá no Rio Solimões, nera?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Filosofia de Seu Lima:

O Deus do gato é mais poderoso que o Deus da gente.

Oremos, então.

Nem contei ainda.

Na casa nova, tomo banho vendo a cidade toda laaaá do alto. Aliás, vejo a cidade toda laaaá do alto da sala, da cozinha e do quarto também. Aos poucos, o apartamento vai ganhando um ar de morada. Aos poucos, eu me vejo pertencedora daquele lugar. E feliz. E fazendo planos. Quero pintar a parede da sala de uma cor-colorida. Ainda não sei qual. Pensei em amarelo, mas é muito claro. Vermelho, mas é muito escuro. Talvez, laranja. Ou verde. Não sei ainda. Vi um sofá colorido também, assim com todas as cores juntasdumavez e fiquei apaixonada. Mas, custa muitos dinheiros e me abstenho. Vou levar margaridas pra lá e elas vão sobreviver. Os livros ainda estão em caixas, esperando as estantes. Mas, é bom saber que estão comigo de novo. Nem todos ainda, mas é um começo. Tudo é um começo, na verdade e eu adoro essa parte da história, que sempre fui mais de chegadas que de partidas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eu me divirto com as tuas crises.

São muito mais movimentadas que as minhas. Eu sofro pra dentro. Tu sofre pro mundo. Eu preciso dormir. Tu, acordar.

Não durmo há quatro dias.

Só falta tentar suco de maçã, sem casca, pra ver se adianta. Fico ali, deitada na cama, olhando pro teto, tentando relaxar pra ver se o sono engrena, mas não tem jeito. Nos primeiros dias foi um pensamento que levava a outro, que levava a outro pensamento e abri tantas gavetas, que meudeusdocéu. Mas, acho que aprendi a fazer isso sem bagunçar tudo ao redor. Uma hora, a gente consegue, né? Sei bem o que me diz respeito, qual é a minha parte, o que preciso mudar e o que falta consertar. Continuo sem saber como dar esse próximo passo, esses próximos passos, na verdade, mas chego lá. Mesmo que demore, mesmo que. Dos outros, tento esperar e cobrar cada vez menos. Que enfeitem o meu dia a seu modo e a seu tempo. Engraçado é que acabaram confundindo esse desprendimento com desamor. Vá entender. As pessoas, todas elas, eu, inclusive, são cheias de arestas. Mas, voltando às minhas noites insones, passada essa etapa de varredura de pensamentos e sentimentos, fiz milhares de listas de isso-sim, isso-não, isso-talvez. Pros amanhãs. Porque quando a gente menos espera, já é 15 de fevereiro de 9 anos depois. Isso assusta. Aliás, ando assustada novamente. Menos que antes. Menos que naquelas férias de 2007. Mas, ainda assim. Talvez, seja por isso que não durma, afinal. Coisa esquisita. Como foi esquisito quando as portas do quarto bateram sozinhas ao mesmo tempo. Como foi ainda mais esquisito não sentir medo dessa vez e quase achar graça. Ando mais leve, sabe? Mesmo sem dormir. Não levo pedras comigo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Além do que se vê.

O cabelo curto tentava honestamente continuar preso no rabo-de-cavalo. O elástico laranja combinava com a blusa da mesma cor. O brinco feito de conchas do mar, balançava a cada sopro de vento, fazendo cócegas no pescoço. Notou a mangueira carregada de frutas do outro lado da rua e desejou o gosto doce na boca. Mordeu os lábios. Roeu a unha. Descascou um pouco mais do esmalte vermelho. Encostou a cabeça na janela e se distraiu com o movimento dos carros até quase adormecer. Abriu os olhos quando o sinal fechou. E foi aí que avistou o menino de camisa preta e mochila amarela. Parado na faixa de pedestres. Indeciso entre o ir-e-vir. Sorriu pequenininho. Quis descer do ônibus e segurar a mão dele. Mas, encostou novamente a cabeça na janela, tirou o mp3 da bolsa florida, colocou os fones no ouvido e escapou daquele momento na música preferida.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ai, ai.

Toda novidade traz esse rebuliço, esse fora-do-lugar. E a gente fica tentando arrumar tudo, estabelecer a lei e a ordem. Mas, o que é novo escapa. Não encontra morada. Porque ainda não há.

Eu acredito.

O que ele não entende é que as palavras proferidas com fé tem poder de oração. Ecoam aqui dentro. Por horas seguidas. Ameaçando o que só agora volta a florescer e é ainda tão frágil.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Aprendizagem.

O céu sem nuvens. O sol que deixa o branco dos muros ainda mais branco. Os carros com pressa de sexta-feira. O sinal verde, vermelho. Ele do lado de lá. Ele do lado dela. E a raiva de antes que derrete no calor do abraço de agora.

Tudo é uma questão de tempo-espaço. Tu-do.

De longe, observo.

Ela começa a tecer uma nova história. Dessas de amor, que são as preferidas. Os fios invisíveis, cruzam os quilômetros de distância. Tocam a pele, afagam, alentam. E do outro lado, a criança se deixa envolver. Porque é quente e macio. E o mundo, o mundo é tão hostil. Percebendo a entrega, ela se deleita. Trabalha dia e noite. Atravessa as horas, os dias, os meses. Incansável. Sonha acordada e faz planos mirabolantes. Inventa novas cores pra enfeitar o desenho, que é sempre dos mais bonitos. Espalha palavras doces pelo caminho e espera que as letras sejam devoradas. E são. Sempre são. Os corações têm fome de afeto.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Do que nunca muda.

Ela canta pra você e eu silencio.
Sei que não tenho esse direito, mas o coração não tem lei.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Eu te escrevi uma carta ontem à noite.

Em pensamento. Nela, te confessei os meus erros. E te confessei também o meu amor. Ou coisa que o valha. Porque é difícil se nomear o que não se entende. E eu não entendo o que sinto por você. Mas, a verdade é que não consigo escrever o teu nome na lista do não-querer.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

De todos as cores, azul.

De todas as flores, gérbera. Reza toda noite antes de dormir. E nunca esquece de agradecer pelas bonitezas do dia. Agradece também pelo que é feio, mas engrandece. Acredita que o sofrimento enobrece, mas nem sempre, porque prefere o caminho mais fácil. Põe o pé direito pra fora da cama primeiro. Herdou algumas supertições. Além do riso fácil e do olhar ágil. Está sempre apressada e atrasada. Fala mais com as mãos, que com a boca. Pensa mais rápido que fala e quase não fala o que pensa. Aprendeu a ser comedida. Tropeçou muitas vezes no caminho. Já se apaixonou pra sempre. Já morreu de amor. Não acredita mais em príncipe encantado, mas torce pra que lhe provem o contrário todo-santo-dia.

Sinais.

"Lá vem o Carnaval no seu cavalo doido, minha gente!"

E apesar dos gritos alarmados do velhinho, o pessoal da Prefeitura continuou decorando as ruas da cidade com as cores de Momo.

sábado, 12 de janeiro de 2008

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Da menina.

Ela veio andando em sua direção. Havaianas verdes, vestido preto, cabelo combinando. Era toda dança. Se pudesse adivinhar, diria que era samba. Mas, não a conhecia mais. Não a re-conhecia mais. No meio do caminho, ela deu meia-volta. Como se perdesse a coragem ou a vontade. E ele sentiu o coração apertar pela possibilidade dela ir, sem nem chegar. Levantou de um salto, no exato momento em que ela olhou pra trás e começou a rir daquele jeito esquisito como se sentisse cócegas em todo corpo. Algumas coisas não mudam, pensaram. Os dois. Ao mesmo tempo. E, de novo, no mesmo lugar.

E continua
(só não sei quando)