Ele me viu quando gritei de
raiva abraçando o travesseiro. Chorando aquela dor profunda, que deixa a gente
sem fôlego, sem força e sem chão. Ele me viu vomitar por não aguentar sentir
tanto. Ele me viu e tocou cada
marca que carrego no corpo, na alma e no coração. Com curiosidade e ternura. E me mostrou
a mim mesma num espelho absurdo. E me fez mergulhar no que tinha de mais turvo
e profundo. Ele me viu exausta de tanta realidade e soube que precisava de mais
poesia nessa vida. Ele me viu perdida, levando comigo uma bússola que não funciona. Procurando uma saída, que talvez não haja. Ele viu o meu medo de nunca ser o
bastante. Ou de sempre ser demais. Ele me viu tão sem medida, tão sem meio-termo, tão
sem meio-tom. Ele me viu partida, tentando juntar as peças de um quebra-cabeças de peças
trocadas. Ele me viu e eu sustentei o olhar. Nunca fui tão corajosa e ele me viu.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário