sábado, 21 de novembro de 2015

Em mim, habita um animal feroz.

Que é todo pele, unhas e dentes. Um aguaceiro, uma torrente, um vendaval. Um cavalo doido, um Carnaval. Um animal feito de vontades imperativas. Que exige, que demanda, que tem sede e nunca cede. Um animal veloz que me distrai dos meus dias, dos meus planos, dos meus medos. Um animal desenfreado, que atropela a minha vida e me revira a alma, sem nem olhar para trás. Porque não conhece a culpa, mas também não conhece a calma. É desmantelo, desvario, desassossego. Esse animal que me arranha a carne e que liberta o que o tempo, as regras, os prazos, as contas e as convenções sufocam em meu coração.

Um comentário:

Cecília Braga disse...

E fica parecendo é que a casa está mais que imprópria para habitação. Mas é só essa alma marcada e acrescida de tanto e de tudo que desapruma as paredes e compromete as vigas. Sei como é, Girassol.