segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Agora é, mas já passou.

O cheiro de terra molhada e o sol da manhã, quase tarde, refletido nas poças d’ água. Pétalas amarelas de uma flor muito pequena nessa lembrança que acontece agora. Meus pés tocam o asfalto ao meio dia, mas meu coração vive horas antigas. Um instante e já passou. Momento é sopro.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Em algum momento,

A gente fala sozinho. Aqueles cinco minutos em que o mundo se distrai. Bem na hora da piada, da pergunta, da confissão. O Outro olha pro lado errado. Depois, vira e pergunta o que foi que a gente disse. Quando percebe que a gente disse alguma coisa. Mas, o sentido se perdeu. O sentido das coisas é muito passageiro. Foi. Agora, é. Depois, já não é mais.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Desse susto que sempre é.

O coração acelera e o tempo para. Vácuo. É bem aí que me encontro. Não entendo e desespero. Não respiro. Morro antes, bem antes do fim. Não vejo, não ouço, não falo. O movimento é feito por instinto e não por vontade. Queria era parar. Parar o que dentro de mim é reboliço. Mas, não sossego. O contrário do alívio é esse cansaço.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Caminho e me acredito forte.

Nada me detém. Nem o que me alegra, nem o que me arrebenta. Sou um trator e não olho mais para trás. Ou olho. Rápido e de soslaio, que é para não tropeçar. Ainda tenho um medo maior que eu mesma. Um monstro embaixo da cama. Mas, me acredito forte e nada me detém. Sou um rio e corro apressada. Já não sinto tão intenso, mas continuo passando mal na sala de espera do consultório médico. Sou frágil, mas sou forte. Não durmo, não fecho os olhos, não me distraio. Presto muita atenção e percebo mais do que pode parecer. Sou forte, sou fio desencapado. Pareço inofensiva, mas é preciso ter cuidado ao me tocar.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Em silêncio.

Ontem, o seu nome não me disse nada. Era só uma palavra. Sem amor, nem dor. Fui mais feliz. Livre, até. Sem o peso do “como seria se”, que estraga o hoje da gente.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Dessa conversa que não tem fim.

Se esse diálogo fosse uma dança, descompasso. Tento dois pra lá, dois pra cá e você insiste em um pra cada lado. Hoje, meu ritmo é o riso. Mas, você dói. Há o desencontro e o desentendimento de quem vê no outro a si mesmo, mas tão diferente. Danço com o espelho, estilhaçado. Ou estilhaçada estou eu.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Áries com ascendente em peixes

O corpo ainda quente de sol. Cheiro de cerveja e maresia. Teu olho cheio de cores. E esse riso, essa voz, essa música que enchiam a casa. E a vida. Como falar em saudade, se saudade só existe em português? Mas, você me entende em qualquer língua. Já eu, eu não entendo coisa nenhuma. Sou esse impulso, que não mede conseqüências. E choro depois, sozinha.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Posso chamar esse hiato de distância.

Ou de silêncio. Tudo que afasta, tudo que separa. Essa sombra crescendo entre a gente. Atravesso o rio, insisto, nado contra à correnteza. Arrebento a alma. Caminho sobre brasas e em meus olhos, lágrimas. Toda dor é imensa, é insana. Cega como a fé, essa faca afiada.

domingo, 22 de abril de 2012

Estar em casa, pertencer à.

Esse chão e esse cheiro reconheço como meus. Essas cores salpicadas nas paredes são suas. Durmo e sonho amarelo. Os passarinhos acordam cedo com a gente. Chão frio e espirro. Café, pão e manteiga. Conversa solta, leve. Do riso à gargalhada, um suspiro. Novamente, o mar quebra nas pedras. Dessa vez, sem sustos. O tempo não passa e passa depressa demais. Não preciso te pedir pra ficar, porque sei que você volta. Eu espero e recebo. A isso chamo de entrega: de todas as escolhas possíveis, você.

sábado, 14 de abril de 2012

Teu amor, que é meu.

Teu amor é chão. É pouso, morada. Teu amor, minha pátria. Território de nós dois. Teu amor é alento. É um tipo de benção. Teu amor, mesmo mudo. Teu amor, minha casa. Teu amor que me salva. Do medo, do mundo. Teu amor que alivia, a alma. Teu amor, gargallhada. Teu amor, meu sossego. Essa cama em que me deito. Teu amor, meu espelho. Teu amor, olhos negros. Teu amor, sereno, moreno.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Que palavra é você?

Das mais bonitas às mais doloridas, não encontro a que lhe caiba. Preciso de uma palavra que lhe descreva, de uma palavra que lhe pertença. Preciso de uma palavra insone, de uma palavra que silencie. Preciso de uma palavra que seja fome, mas que também seja afeto. Preciso de uma palavra que morda, mas também que sopre. Preciso de uma palavra que não se deixe levar por meus pronomes possessivos mas que, ainda assim, seja minha.

Dona Francisca, Iracema.

Pra mim, ela era a índia Iracema das Fortalezas. Velhinha já, porque essa história foi escrita faz é tempo. E mesmo os anos, 93, não lhe tiraram a beleza. Se podia adivinhar. No corpo, nos cabelos, no olhar. Olhar de criança, que ria triste. Mas, ria. E fazia pose pra tirar foto e pedia coca-cola mesmo sem poder e não tinha medo de avião e contava histórias de antigamente e cantava de saudade. A saudade hoje é dela e eu não sei cantar tão bonito. Mas aos pés de um coqueiro no Ceará, que ninguém sabe direito onde é que fica, se ouve um lamento de despedida. Ela atravessa o mar para chegar a esse rio que é dela. É lá que mora o estrangeiro, aquele que lhe espera, aquele que sempre lhe esperou.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Hoje, eu queria ser a menina no celular.

A menina no celular com Camila. Calça e blusa pretas. Bolsa descombinando e um cabelo tão bonito que merecia uma foto. Eu queria ser a menina no celular falando sobre a viagem, o salão, o beijo, a festa. Eu queria ser a menina com toda a sua despreocupação. Rindo em silêncio e balançando os ombros. Eu queria ser a menina no celular com a sua pele morena, os seus olhos miudos e as suas mãos de criança. E o cabelo bonito, tão bonito que merecia uma foto. Tchau, Camila, um beijo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu olho pra você devagar.

Divago, enquanto você dança. Enquanto você dança, o tempo não passa. E é sempre noite. E é sempre música. Eu finjo que não ouço, mas o meu coração tiquetaqueia no mesmo ritmo. Fecho os olhos e sorrio imenso. Você nem desconfia, confia em mim. Mas, eu não presto. Peço desculpas. Sem sentir culpa alguma.

domingo, 18 de março de 2012

Domingo.

Anoiteceu, mas o calor do sol permanece. Na pele, no ar e nas paredes dessa casa. O cansaço aquieta o corpo, mas o coração não. Nem a mente, essa aranha que trama e tece. Fios invisíveis presos na garganda e nem toda água do mundo. O que salva é esse cheiro de maresia. O que salva é enterrar os pés na areia e ser árvore.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Esquece o medo, engole o choro.

Disso não se fala. Se conseguir, nem pensa. Não consigo e sofro. Mas, me distraio com a correria do dia, a graça das pessoas, o caminho errado e a pressa em chegar. Ouço meu nome, sorrio como se tudo bem, sempre sorrio como se tudo bem. O velho olha pra mim sem parar, a moça com o namorado faz manha. Também queria fazer manha, mas ando muito cansada. O Por Enquanto me salva. É tudo que tenho, tudo que todo mundo tem, mas penso que é só comigo. O machado sobre a cabeça. O tempo, o tempo. Alivia, mas também machuca. Olha pra mim, eu olho de volta, meus olhos ardem, mas não me importo, nada mais importa. Agora.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

De todos os dias ou quase.

Você está deitado de costas pra mim. Olho pro seu cabelo preto, espalhado no travesseiro e acho que é a coisa mais bonita desse mundo. Queria tirar uma foto, fazer um desenho, escrever um poema falando da sua pele morena. Você se vira e me assusta. Sorri com os olhos apertados, olhos de rio e tempestade. Depois de tanto tempo, o que vai lá dentro continua sendo, para mim, um mistério. Enquanto isso, brinco na superfície me fingindo distraída. Mas, entenda: não tenho medo de me afogar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A La Ursa quer dinheiro, que não der é pirangueiro.

Era uma praia de Porto de Galinhas sem turistas. Pelo chão de terra batida, lá vinha ela: a La Ursa. Gigantesca, mal encarada, monstro com olhos de gente. As pessoas batiam palmas e cantavam ao seu redor "a La Ursa quer dinheiro, quem não der é pirangueiro". Entravam nas casas, rodopiavam, dançavam, corriam atrás de um mal afortunado. Os adultos achavam graça. As crianças choravam. Eu ficava no terraço corajosa. O meu olhar atento seguia o bicho e ensaiava um sorriso pra disfarçar o pavor. Rezava pra que acabasse logo, pra que ela fosse embora, pra que ficasse longe de mim. E assim começava o meu Carnaval, sempre esse cavalo doido.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

6 dias.

Ela disse que queria voltar no tempo e ver como era antigamente. Os trilhos do bonde e as pedras do calçamento, continuam lá. No tapume que esconde o velho armazém, imagens de uma cidade futura, inimaginável. Do outro lado, o antigo casario, imutável. O que se ouve é uma mistura de frevo e maracatu. O resultado é a desarmonia. Plumas, paetês e as flores coloridas da chita. Tudo me comove e me convence: é Carnaval e a minha cabeça dói terrivelmente. O que me salva é ver o menino bonito dançando para os orixás. Os tambores do afoxé, anunciam: a guerra está para começar, escolham as suas armas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Café, pão doce e a minha avó.

E o perfume que o vento trouxe, me fez lembrar das tardes de antigamente. Café e pão doce. A minha avó. E alguém que tinha vindo conversar com ela - sempre vinha alguém conversar com ela - mas, já ia embora porque tava escurecendo. A hora do lusco-fusco. Quando o coração aperta e o que se sente é nostalgia. Rosa, roxo e azul, azul tão escuro que parece preto. A minha mãe demorava a chegar. O meu pai demorava a chegar. Mas, tinha a minha avó, amor, café e pão doce. Tinha a rede na varanda. Onde eu deitava de bruços e me distraia olhando as formigas. Depois, me distraia olhando as estrelas. Até lembrar do possível disco-voador. Tinha medo de disco-voador. Tinha medo de um monte de coisas. A noite me doía. Sempre preferi as manhãs.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

É noite.

E o seu silêncio toma conta da casa, que é sua. Ouço a televisão, o violão, o jogo chato. Sei que você está. Mesmo em silêncio, porque o seu silêncio é imenso. Uma sombra que chega até o quarto de onde escapo para o mundo. Até que você se aproxima, arisco feito um gato. Eu caço o seu sorriso, como se dele dependesse o meu. Fácil.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ainda não vi essa fotografia.

Essa em que você aparece de vestido branco e cabelo solto. Essa de quando o seu cabelo ainda era comprido, ainda era castanho, ainda era cacheado. Quantos anos você tinha? 13, 14? Você com pés descalços na areia. Os pés grandes demais pro resto do corpo. “Como é franzina essa menina”, lembra? Uma promessa de mulher. O vestido branco dançava ao seu redor e você sorria na fotografia. Essa que eu ainda não vi.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O teu nome.

Ranger de dentes em noite escura. O barulho do mar quebrando. Quebranto. Reza pra Nossa Senhora, minha filha. Um terço inteiro. Enquanto esse nó no peito, desata. Falta o ar, mas deve ser o calor. Faz muito calor, mesmo quando chove. E chove. Chuva de janeiro. Chuva que vem forte e vai embora, feito esse pensamento. Intrometido.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O meu bom dia abusado.

O chão de madeira sob o sol, sobre a cidade. O chão de madeira esquenta. Da luz que entra pela janela, poeira. Ouço o barulho na cozinha. É você. O barulho na cozinha, os recados na geladeira, o cheiro de café e pão torrado. O piso alaranjado é feio. As cerâmicas de duas cores, desequilibram. Mas você, de tanto sol, amorenou. Eu reparo. Paro e acho bonito. Esqueço de fechar a torneira da pia, enquanto lavo os pratos e ouço a sua voz de sono reclamar: “olha a água do mundo”. O meu bom dia abusado.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Eu ouço e danço.

Primeiro.
Eu só conseguia olhar o que acontecia lá fora, em cima de um banquinho ou no colo de alguém.
As folhas do coqueiro alcançavam a varanda, eu não.
Mas, sabia que bastava atravessar a rua para ver o mar.
Lembro de ver a minha mãe saindo pra trabalhar e de sentir o coração doer de saudade pela primeira vez na vida.
Eu e a minha avó, duas choronas.
Às vezes, da varanda do apartamento ao lado, aparecia Tio Dudu ou Tia Anália e eu tinha que esconder depressa a chupeta embaixo da almofada do sofá.
O som das folhas do coqueiro.
Da vizinha chamando o meu nome.
Do choro do meu irmão.

Segundo.
Da janela do quarto, eu via o mundo que eram as papoulas lá embaixo e um horizonte de prédios.
Papoulas amarelas e vermelhas acordavam cedo, assim como eu.
À noite, eram as luzes das janelas que acendiam antes da lua.
Uma vez, vi um morto na rua da frente.
As pessoas chegavam e levantavam o lençol pra ver quem era.
A viúva chorava desesperada.
Um acontecimento.
Outro, era dia de Cosme e Damião.
O som do meu pai e minha mãe conversando até mais tarde.
Do arrastar dos chinelos da minha avó.
Do riso do meu irmão.

Terceiro.
A janela ocupava a parede inteira e eu via a Igreja da Soledade.
Muito carro, muita gente e a pessoa escolhida acenando pra mim.
Pela primeira vez, longe do mar, bem no centro da cidade.
Dali, avistava a praça, a farmácia, a padaria, a universidade.
Muito carro, muita gente e a pessoa escolhida sorrindo pra mim.
O chaveiro, o vendedor de tapetes, o lava-jato, o estacionamento.
Aos domingos, não tinha ninguém.
O som dos carros e das vozes.
Do sotaque estrangeiro
De música colombiana.

Quarto
Vejo prédio de tudo que é lado.
Um restaurante disfarçado de castelo.
Dá pra acompanhar a vida alheia e o ir e vir dos pombos que moram nas caixas de ar-condicionado.
Uma avenida que quase nunca para, mas a praia é logo ali outra vez.
A moça do milho, o manobrista do restaurante, os cachorros e os seus donos.
Os velhinhos caminhando, um bem-te-vi, aqui e ali.
Esses dias, as luzes de Natal e uma certa nostalgia.
O som de buzinas e freadas.
Das vozes da vizinhança.
Do meu par dedilhando o teclado do computador ou o violão.

Eu ouço e danço.
Eu sempre dancei, desde pequenininha.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Eram meninos correndo por cima dos telhados.

Meninos mocinhos e bandidos. Meninos com pernas e pipas ágeis. Saltavam de um telhado para outro, porque em seu reino o medo não existia e a lua sorria marota. Eram meninos. Eram só as pipas, presas, sem as suas pernas ágeis. Eram pipas presas nos fios de alta tensão. Era noite. A lua sorria marota e os olhos só enxergavam o que queriam ver.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Para Helena Sá Barreto, minha mãe.

Foi um susto olhar a foto dela e pensar que era eu.
Ela, que sempre foi a mais bonita.
Ela, que eu queria ser quando crescer.
De quem eu quebrei a coroa, o colar e ainda desfiei a meia-fina.
Eu que era um desastre, filha dela que era a perfeição.
E ainda diziam que a gente se parecia, quando eu me sentia uma estranha no ninho.
Querendo a sua aprovação, a sua benção, o seu carinho.
Sem saber que estavam lá, que sempre estiveram lá.
Mesmo sem as palavras e os gestos esperados.
Porque as palavras e os gestos esperados podem não acontecer.
Dela pra mim, de mim pra ela.
Ela que foi o meu primeiro amor.
A primeira pele, o primeiro cheiro, o primeiro encontro.
Ela, que é rainha. A minha. Pra quem eu construiria todos os castelos.
O que talvez, ela nem saiba.
Ah, ela sabe.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Não fala nada

Silencia dolorido e é sempre noite.
Os lençóis são coloridos, mas a luz está apagada.
Sorrio pra ninguém e sinto uma quase alegria.
Feito chama de vela, quando falta energia.
Pouco, mas suficiente.
Suficiente me basta.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

E tem esse lugar onde se é rainha.

No território desconhecido que é o Outro, é onde está fincada a nossa bandeira. A minha, tem um arco-íris, um sol, uma estrela e uma cruz vermelha. Tremula sob um calor de quase 40 graus. Mas, tem brisa. No Nordeste sempre tem brisa, Anarina. É nesse lugar imaginário que habito, como lembrança ou possibilidade. E em cada Outro, sou uma diferente de mim mesma. Embora tenha o mesmo cheiro, a mesma voz e as mesmas cores, cada um me traduz dentro de si a seu modo. Eu deixo. Eu gosto. Invento um porto pra cuidar do meu reino. Construo um forte de cinco pontas e levo os meus barcos para o mar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dos janeiros e fevereiros.

Veraneio era a casa com mais de cem anos em Porto de Galinhas. Chão de pedra. Cama de campanha para os mais velhos, colchão na sala para os mais novos. A espera do sol pelas frestas da porta pintada de vermelho. O barulho do mar, sempre o barulho do mar. O terraço de onde se avistava uma imensidão de areia branquinha. A água morna do primeiro mergulho. Só os olhos à vista. Nadar até os barcos, puxar a âncora e depois não saber como colocar no lugar. Passeio de jangada e medo de tubarão. Furar o pé no ouriço. Arranhar o joelho nas pedras. Esperar a moça da cocada, sentindo a tarde esfriar. Deitar no colo da avó. Sonhar ser sereia e acordar criança.