quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Eu não quero mais esperar pelo dia 05.

Eu não quero mais esperar por dia nenhum. Eu não quero mais esperar. Achei que essa fase já tinha sido superada. Que seriam muitos dias sim, poucos dias não. Mas, a vida atrolepa os planos e muda a rotina de lugar. Eu entendo. Eu aceito. Mais por não poder fazer nada, que por ser uma pessoa compreensiva. Hoje, eu não sou uma pessoa compreensiva. Amanhã, quem sabe. O cansaço me consome. E eu queria poder parar de sentir, por um dia ou dois.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Do que assusta.

Quando falo desse meu cansaço, você diz que tá tudo bem e que essa agonia já, já passa. Mas, eu sei - e você sabe - que não tá tudo, exatamente, “bem” faz é tempo. E passar, passa, mas sempre volta. Porque é peso pr´uma vida inteira. A maior parte do tempo, caminho leve e me distraio com as cotidianices. Mas, vezenquando, pesa tanto que chega a doer. Tudo pára, o peito aperta e o pensamento gira e gira ao redor de um único eixo. Depois, a vida segue e eu sigo junto. Mas, por enquanto, não consigo sair do lugar e você não tá aqui pra abrir a porta.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Mes-se-ja-na.

O que eu queria mesmo, era que perto lá de casa, tivesse um café da manhã feito da Padaria Nogueira, lá na Messejana. Acordei com esse desejo. Tá, tem a Diplomata ali do lado. Mas, é tão loja de conveniência, apesar das delícias. E lá no Nogueira é tudo tão madeira com toalhas quadriculadas com florzinhas coloridas com moças sorridentes com pão quentinho. Ai, ai. E adorei falar Messejana. Mes-se-ja-na. Acho que queria morar lá. E pegar filmes na locadora do posto. É. Crio vínculos muito rapidamente. Ah, e lá na lagoa tem uma Iracema gigante, gi-gan-te. Pra mim, tem cara de Iara, que também era índia e bonita que só, mas morava lá no Rio Solimões, nera?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Filosofia de Seu Lima:

O Deus do gato é mais poderoso que o Deus da gente.

Oremos, então.

Nem contei ainda.

Na casa nova, tomo banho vendo a cidade toda laaaá do alto. Aliás, vejo a cidade toda laaaá do alto da sala, da cozinha e do quarto também. Aos poucos, o apartamento vai ganhando um ar de morada. Aos poucos, eu me vejo pertencedora daquele lugar. E feliz. E fazendo planos. Quero pintar a parede da sala de uma cor-colorida. Ainda não sei qual. Pensei em amarelo, mas é muito claro. Vermelho, mas é muito escuro. Talvez, laranja. Ou verde. Não sei ainda. Vi um sofá colorido também, assim com todas as cores juntasdumavez e fiquei apaixonada. Mas, custa muitos dinheiros e me abstenho. Vou levar margaridas pra lá e elas vão sobreviver. Os livros ainda estão em caixas, esperando as estantes. Mas, é bom saber que estão comigo de novo. Nem todos ainda, mas é um começo. Tudo é um começo, na verdade e eu adoro essa parte da história, que sempre fui mais de chegadas que de partidas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eu me divirto com as tuas crises.

São muito mais movimentadas que as minhas. Eu sofro pra dentro. Tu sofre pro mundo. Eu preciso dormir. Tu, acordar.

Não durmo há quatro dias.

Só falta tentar suco de maçã, sem casca, pra ver se adianta. Fico ali, deitada na cama, olhando pro teto, tentando relaxar pra ver se o sono engrena, mas não tem jeito. Nos primeiros dias foi um pensamento que levava a outro, que levava a outro pensamento e abri tantas gavetas, que meudeusdocéu. Mas, acho que aprendi a fazer isso sem bagunçar tudo ao redor. Uma hora, a gente consegue, né? Sei bem o que me diz respeito, qual é a minha parte, o que preciso mudar e o que falta consertar. Continuo sem saber como dar esse próximo passo, esses próximos passos, na verdade, mas chego lá. Mesmo que demore, mesmo que. Dos outros, tento esperar e cobrar cada vez menos. Que enfeitem o meu dia a seu modo e a seu tempo. Engraçado é que acabaram confundindo esse desprendimento com desamor. Vá entender. As pessoas, todas elas, eu, inclusive, são cheias de arestas. Mas, voltando às minhas noites insones, passada essa etapa de varredura de pensamentos e sentimentos, fiz milhares de listas de isso-sim, isso-não, isso-talvez. Pros amanhãs. Porque quando a gente menos espera, já é 15 de fevereiro de 9 anos depois. Isso assusta. Aliás, ando assustada novamente. Menos que antes. Menos que naquelas férias de 2007. Mas, ainda assim. Talvez, seja por isso que não durma, afinal. Coisa esquisita. Como foi esquisito quando as portas do quarto bateram sozinhas ao mesmo tempo. Como foi ainda mais esquisito não sentir medo dessa vez e quase achar graça. Ando mais leve, sabe? Mesmo sem dormir. Não levo pedras comigo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Além do que se vê.

O cabelo curto tentava honestamente continuar preso no rabo-de-cavalo. O elástico laranja combinava com a blusa da mesma cor. O brinco feito de conchas do mar, balançava a cada sopro de vento, fazendo cócegas no pescoço. Notou a mangueira carregada de frutas do outro lado da rua e desejou o gosto doce na boca. Mordeu os lábios. Roeu a unha. Descascou um pouco mais do esmalte vermelho. Encostou a cabeça na janela e se distraiu com o movimento dos carros até quase adormecer. Abriu os olhos quando o sinal fechou. E foi aí que avistou o menino de camisa preta e mochila amarela. Parado na faixa de pedestres. Indeciso entre o ir-e-vir. Sorriu pequenininho. Quis descer do ônibus e segurar a mão dele. Mas, encostou novamente a cabeça na janela, tirou o mp3 da bolsa florida, colocou os fones no ouvido e escapou daquele momento na música preferida.