sábado, 14 de setembro de 2013

Amigo-taxista

"Tava aqui conversando com essa senhora e ela disse que veio logo no supermercado hoje, comprar logo tudo, que amanhã tem parada, né? Tá sabendo, moça? É, parada gay. Vai parar tudinho. Fechar a Beira-mar e parece que a Navegantes também. Só quero ver onde é que o pessoal que vem pro banho vai ficar. (...) Mas, isso já tá virando comum, sabe? Sabe por que? É tudo gente de bem. Os gays. Tudo médico. Filho do dono do hospital, a novela mesmo mostra. Antigamente, gay era a coisa mais escondida. Agora, não. Olhe, eu preferia ter um filho ladrão, que um filho gay. Porque ladrão, era ladrão, mas era homem. Tinha três, quatro mulheres... Sim, porque roubava muito, tinha muito dinheiro. Mas, gay, isso não é certo não. Um homem tem que fazer papel de homem. Um homem tem que querer uma mulher, não é pra querer outro homem não. (...) E tem as moças, né? Sapatão. Mas, aí é diferente. Lá na Usina Catende mesmo, tinha uma sapatão que se apaixonou por mim. Foi. Se apaixonou, que não teve jeito. Só pediu pra eu manter segredo e eu mantive. Mas, ela se apaixonou, viu? Ficou doidinha."

domingo, 1 de setembro de 2013

Ela pediu, eu escrevi.

Depois de 3 dias e 3 noites, Teresa voltou. E voltou como se nada tivesse acontecido. Veio de bicicleta, amarela. Sabe-se lá, onde encontrou, comprou, ganhou. Desconfio que ganhou, porque Teresa é do tipo que ganha. Chinelo, vestido e cabelo amarrado. Cheirosinha, a danada. Disse que tinha fome, como se fosse tudo que precisava me dizer. Nenhuma desculpa. Nenhuma conversa, nem fiada. Sentou ao meu lado, tomou café com muito açúcar, comeu pão com muita manteiga, levantou e foi pro quarto, porque tinha sono. Antes, se espreguiçou e pude ver mais daquela pele morena, que se adivinhava quente. Derreti.