quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Jogo os dados.

Avanço três casas, recuo duas. É um jogo, uma dança. Escolho os meus passos. Paro, penso. Observo você. Observo e espero. Espero o seu tempo. O tempo que for. Não há pressa, não há urgência. Enquanto isso, há vida. E essa sim, corre doida.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Ele me olhou devagar.


E devagar viu o meu corpo, a minha alma, o meu amor e a minha angústia.
Viu o meu desejo e o meu desespero.
O meu choro infinito e o meu riso incontido.
Viu a minha fúria
Mordendo os lábios, roendo as unhas. 
Viu o meu cansaço do mundo.
Viu o meu encanto com o mundo.
Coisa que só vê, quem olha devagar.
Bem devagarinho.   

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Eu não sei esperar.

Amanhã, é outro dia. E amanhã, talvez, nem exista. Eu, amanhã, talvez, nem exista. Tenho pressa, tenho essa urgência que me deixa com dor de cabeça e me faz arrancar a unha do pé com a porta do elevador. O elevador que está sempre no nove e que demora uma vida inteira pra chegar no terceiro andar. Eu ando pra lá e pra cá no corredor. Eu ando em círculos. Eu paro. Mas, não tenho calma. Calma eu nem sei o que é. Aí, você me diz "inspira, expira, presta atenção na respiração, que já vai melhorar". Mas, não melhora. Passo é mal de tanto oxigênio e meu coração acelera. Eu acelero e acho graça desse meu desespero, desmantelo. Preciso vencer esse hoje, mas ando tão desarmada.


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Prestar atenção no que é, no que está.

No abafado que faz. Na água que esquentou. Nessas poucas linhas. Verdana, número 14. Entrelinhas simples. Entrelinhas sempre simples. Prestar atenção na ponta do pé encostada na parede. No teclado na ponta dos dedos. No gosto de chocolate que ficou na boca. Na voz da moça. No telefone que toca. Prestar  atenção ao que está ao redor, perto, ao alcance das mãos.  O caderno verde, o lápis rosa, a bolsa azul. O cheiro conhecido da rotina. Nesse lugar comum, aquieto o pensamento. Prestar atenção, me ancora no agora. Agora, presta atenção.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Vi uma foto sua, menino, num dos quintais de Fortaleza.

E senti meu coração se encher de amor. Porque ele vive comigo. Ele, que é você, menino. Ele, que você, esse homem, leva na alma. Ele que faz palhaçadas pra me ver sorrir. Ele que faz da nossa casa, circo de lona colorida. Ele que inventa músicas, línguas, teorias pra desinventar as minhas certezas. Ele, que você leva no olhar pra vida, pro mundo, pra mim. Esse menino também levo comigo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Queria te contar novos segredos.

Queria falar contigo sem medo, sem freio, sem culpa. Queria o teu não-julgamento. Queria ouvir o teu riso do meu atrapalho. Queria rir contigo do meu atrapalho. Faríamos as piores piadas e isso seria melhor que qualquer conselho ou sermão. Queria ouvir as tuas palavras e sentir calma. Queria saber do meu lugar no teu coração, minha casa nesse mundo. Ao invés disso, fico em suspenso. Olhando pro abismo. Sob os meus pés, o vazio. Hoje, não há nada mais presente que a tua ausência.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Gostar não tem hora marcada

Acerto ou conveniência. Não tem hoje sim, amanhã não. Gostar não tem medida, não tem boas maneiras. Gostar não tem educação. Gostar não tem estratégia, não tem fórmula, não tem redenção. É um abismo e a gente salta sem esperar sim ou não. Porque gostar não depende de resposta, nem de explicação. Gostar é o fim e é o meio. Gostar é um desmantelo. É um tipo doido de perdição. Gostar não tem saída, nem tem razão.