segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Arrumo o meu mundo numa bolsa de mão. Cabe tudo ali. Porque o que vale, vai na alma e no coração. E espero. Sento na estação e observo, sem saber pra onde vou e se vou. É uma escolha solitária, mesmo que pareça que não. Afinal, o que lhe dói e o que lhe faz sorrir é absolutamente pessoal. Ok, tem quem divida com você, tem quem chegue perto, tem quem compartilhe. Mas quem deita a cabeça no travesseiro e sente é você e só você. Então, eu presto atenção ao que vai dentro, ao que vai fora, as pessoas e as possibilidades. Mas sei que quem decide sou eu, comigo. E eu ando em conflito comigo. Ando brigando comigo. Ando me desentendendo. E sei que isso faz parte de uma coisa maior que não sei como se nomeia, mas que cansa, faz roer as unhas e ranger os dentes Tem uns momentos de iluminação, que poderia chamar de epifanias, tamanha beleza. Mas, no geral, no dia a dia, cansa. E eu ando exausta. Com a minha mala e o meu mundo, observando o vai e vem, vendo o tempo passar e com medo que ele finde antes que eu consiga sair do lugar ou decidir ficar.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Com ele eu aprendi a respirar.

A relaxar, não e não foi por falta de tentativa. Aprendi a gritar no travesseiro pra espantar a angústia. E que se a garganta doer, gengibre melhora. Aprendi que o sapato da rua não passeia pela casa, mas os erês sim e tiram as coisas do lugar pra brincar com a gente. Aprendi a baixar o volume da televisão, falta aprender a apagar as luzes e a fechar as portas dos armários. Aprendi que tudo bem em ser exatamente quem eu sou. Aprendi que mesmo aceitando quem eu sou, ele tem o direito de ficar triste, abusado e zangado. E a recíproca é sempre verdadeira. Aprendi a me aprender. E a desaprender também. Aprendi a prestar mais atenção em mim e nos outros. Mas, principalmente, em mim. Aprendi que canto afinadinho. Aprendi que não sou sem jeito, nem desastrada e que sim, sei fazer um monte de coisas. Aprendi que a gente não sabe é de nada e que tá nesse mundo mesmo é pra aprender. Aprendi que a função da vida é viver e que isso tem uma força imensa. Aprendi que não preciso engolir o choro. Aprendi que chorar demais me dá dor de cabeça. Aprendi que o tempo é diferente pra cada pessoa. Aprendi a ser menos apressada. Um pouquinho, pelo menos. A ser menos ansiosa, ainda demora. Aprendi que apesar de sermos nós, somos eu e ele. Aprendi que sou livre. Aprendi que ele acha bonito me ver voar. Aprendi que não sei lidar direito com isso. Mas, chego lá. Aprendi que por mais que agradeça, nunca vai ser o bastante e aprendi que não precisa tanto “obrigada”, porque tudo é troca e essa troca não termina é nunca.

Podia ser uma oração.




Que eu saiba ouvir com todo meu corpo, alma e coração. Que eu saiba calar e me sentir em paz com o silêncio. Mas, que não tenha vergonha das minhas palavras atropeladas. Que eu consiga continuar falando a verdade, dizendo que gosto, que quero, que amo. Que a minha intensidade não seja o meu bicho papão. Que esse sentir imenso não precise ser contido. Que eu continue tendo fé, mesmo sem saber direito em quem, em quê. E que continue buscando esse brilho na vida e no mundo. O que dá sentido, o que movimenta, o que faz a gente querer mais e ir além. Que eu me sacrifique menos. Que eu me perdoe mais. Que consiga ser generosa comigo. Que consiga dizer: não posso, não quero, não aguento, preciso de você. Que eu possa ser fraca quando a onda for grande demais pra segurar. E que seja corajosa mesmo morrendo de medo. Que eu não esqueça nunca, nem por um minuto que a vida é mágica e é única. E que a gente é mágico e é único feito ela.  Que essa música toque e a gente dance, como se ninguém tivesse olhando. E ria, ria alto e sem fim. Que a alegria seja meu norte. E que esse caminho seja feito da luz do teu sorriso ao me ver caminhar na tua direção.