segunda-feira, 20 de março de 2017

Do mergulho que se dá pra dentro.

E com o corpo pintado de dourado, parou em frente ao mar. Quis ser sol. Enterrou os pés na areia, mas no vai e vem das ondas, criou raízes e virou árvore. O cabelo ao vento era um emaranhado igual ao seu coração. Fez uma oração pra Iemanjá. Fez uma oração pra força criadora de tudo que seus olhos podiam alcançar. Pedindo clareza e desembaraço. Fez o sinal da cruz, por respeito e proteção. Porque o mar não é para fracos, nem desavisados. Mergulhou até onde o ar lhe permitiu, abriu os olhos e viu o mundo do avesso, que é o lado certo, afinal. Ondulado, fluido, desfocado, meio borrado, mas refletindo luz. Feito ela. Feito todas elas. Que é uma, mas é muitas, é todas.