quarta-feira, 25 de abril de 2012

Áries com ascendente em peixes

O corpo ainda quente de sol. Cheiro de cerveja e maresia. Teu olho cheio de cores. E esse riso, essa voz, essa música que enchiam a casa. E a vida. Como falar em saudade, se saudade só existe em português? Mas, você me entende em qualquer língua. Já eu, eu não entendo coisa nenhuma. Sou esse impulso, que não mede conseqüências. E choro depois, sozinha.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Posso chamar esse hiato de distância.

Ou de silêncio. Tudo que afasta, tudo que separa. Essa sombra crescendo entre a gente. Atravesso o rio, insisto, nado contra à correnteza. Arrebento a alma. Caminho sobre brasas e em meus olhos, lágrimas. Toda dor é imensa, é insana. Cega como a fé, essa faca afiada.

domingo, 22 de abril de 2012

Estar em casa, pertencer à.

Esse chão e esse cheiro reconheço como meus. Essas cores salpicadas nas paredes são suas. Durmo e sonho amarelo. Os passarinhos acordam cedo com a gente. Chão frio e espirro. Café, pão e manteiga. Conversa solta, leve. Do riso à gargalhada, um suspiro. Novamente, o mar quebra nas pedras. Dessa vez, sem sustos. O tempo não passa e passa depressa demais. Não preciso te pedir pra ficar, porque sei que você volta. Eu espero e recebo. A isso chamo de entrega: de todas as escolhas possíveis, você.

sábado, 14 de abril de 2012

Teu amor, que é meu.

Teu amor é chão. É pouso, morada. Teu amor, minha pátria. Território de nós dois. Teu amor é alento. É um tipo de benção. Teu amor, mesmo mudo. Teu amor, minha casa. Teu amor que me salva. Do medo, do mundo. Teu amor que alivia, a alma. Teu amor, gargallhada. Teu amor, meu sossego. Essa cama em que me deito. Teu amor, meu espelho. Teu amor, olhos negros. Teu amor, sereno, moreno.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Que palavra é você?

Das mais bonitas às mais doloridas, não encontro a que lhe caiba. Preciso de uma palavra que lhe descreva, de uma palavra que lhe pertença. Preciso de uma palavra insone, de uma palavra que silencie. Preciso de uma palavra que seja fome, mas que também seja afeto. Preciso de uma palavra que morda, mas também que sopre. Preciso de uma palavra que não se deixe levar por meus pronomes possessivos mas que, ainda assim, seja minha.

Dona Francisca, Iracema.

Pra mim, ela era a índia Iracema das Fortalezas. Velhinha já, porque essa história foi escrita faz é tempo. E mesmo os anos, 93, não lhe tiraram a beleza. Se podia adivinhar. No corpo, nos cabelos, no olhar. Olhar de criança, que ria triste. Mas, ria. E fazia pose pra tirar foto e pedia coca-cola mesmo sem poder e não tinha medo de avião e contava histórias de antigamente e cantava de saudade. A saudade hoje é dela e eu não sei cantar tão bonito. Mas aos pés de um coqueiro no Ceará, que ninguém sabe direito onde é que fica, se ouve um lamento de despedida. Ela atravessa o mar para chegar a esse rio que é dela. É lá que mora o estrangeiro, aquele que lhe espera, aquele que sempre lhe esperou.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Hoje, eu queria ser a menina no celular.

A menina no celular com Camila. Calça e blusa pretas. Bolsa descombinando e um cabelo tão bonito que merecia uma foto. Eu queria ser a menina no celular falando sobre a viagem, o salão, o beijo, a festa. Eu queria ser a menina com toda a sua despreocupação. Rindo em silêncio e balançando os ombros. Eu queria ser a menina no celular com a sua pele morena, os seus olhos miudos e as suas mãos de criança. E o cabelo bonito, tão bonito que merecia uma foto. Tchau, Camila, um beijo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eu olho pra você devagar.

Divago, enquanto você dança. Enquanto você dança, o tempo não passa. E é sempre noite. E é sempre música. Eu finjo que não ouço, mas o meu coração tiquetaqueia no mesmo ritmo. Fecho os olhos e sorrio imenso. Você nem desconfia, confia em mim. Mas, eu não presto. Peço desculpas. Sem sentir culpa alguma.