quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Na queda.

O coração acelera do susto e o corpo esquenta. A dor só vem depois. A pele arranhada, arde. Ou, a alma.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Se eu pudesse parar, pararia.

Já não rôo mais as unhas. Tenho esse vermelho que me cansa nas mãos. Arranha os olhos. Arranha as têmporas, essa dor que não passa. Enjoei desse cheiro de cânfora e os remédios já não fazem efeito. Nem o sono.

Essa noite, o lençol azul e branco descobriu a cama. Sonhei com o de antes. Acordei, saudosa.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Era brincadeira de roda, carrossel, ciranda.

Pés e mão em círculo, pés e mãos em dança. Horas seguidas, dias seguidos. A tontura era de matar. Mas, a vertigem era a guia. Se fechassem os olhos, caiam. Mantinham os olhos abertos e sorriam em agonia.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

De antigamente.

Ele tinha 14 anos, era paulista e surfava. Da nossa turma, era o único que namorava. Duas Julianas antes de mim. Quando pensava nessas coisas, achava que ele era muito mais esperto que eu, que ainda brincava de boneca. Duas Barbies.

As minhas amigas não sabiam que ainda brincava de boneca. Como pulei um ano no colégio, as meninas tinham 13, 14 anos, enquanto eu ainda ia completar 12. Nessa época da vida, um ano faz uma diferença medonha, entre usar sutiã ou não, por exemplo.

Mas, aí, esse menino, aquele do começo do texto, começou a me paquerar. Eu sentia muita vergonha e achava muito impossível, porque as outras meninas eram muito mais mulherões que eu. E sabidas. E já tinham beijado na boca e sabiam super bem o-que-como-fazer.

No dia em que ele disse que queria falar comigo, gelei. A sorte é que a mãe da melhor amiga chamou pra jantar nessa exata hora e fomos todas pro 801. Comer, não pude. Fiquei repassando o que me ensinaram: abre a boca e coloca a língua dentro da boca dele. Ok, acho que consigo.

Depois, fomos em comitiva até a garagem, onde ele estava me esperando. Entre meninos e meninas, uns dez. Ouvi um assovio. Fiquei parada, sem entender, enquanto me empurravam em meio aos vai-lá-é-ele. E fui. Coração explodindo de nervoso no peito. Ele pegou no meu cabelo e perguntou se eu queria levar a sério. Como assim, levar a sério? Tava rolando alguma coisa entre a gente e eu nem sabia? Mas, a única resposta ensaiada e possível era sim e foi exatamente o que eu disse, feito noiva no altar: sim!

Na hora do beijo, houve aplausos. Findo esse momento, cada um foi para um lado, contar aos seus pares detalhes sobre o acontecido. Foi aí que descobri que NENHUMA das meninas tinha beijado antes na vida e achei que eram umas sacanas me jogando na fogueira daquele jeito! Chateada, fui brincar com o irmão mais novo do então namorado, pegando baratas pelas antenas, que era coisa menos nojenta.