segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Foi hoje.

Atravesso a ponte e chego ao centro. O coração do Recife pulsa acelerado. O que me alcança é o som das buzinas, os passos apressados das gentes, as luzes de Natal. Acendem e me apagam. Faróis dos carros, sinais de trânsito. O cheiro de churrasquinho e o perfume enjoado da moça se misturam. Sinto cansaço. Sinto saudade. Mas, não há outro lugar onde deseje estar. Lembro da noite de chuva na Rua do Sol. Passo pela Guararapes e vejo as cores do Carnaval, mesmo sem a fantasia. Na praça, uma pregação. Lojas abertas até mais tarde. Estação Central lotada. No Leite, a gente só pediu "uma água, por favor". Há mais de 10 anos e parece que foi ontem. Foi hoje.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Feliz ano novo.

Eu não tava com vontade de ir. 2010 foi um ano complicado e me pareceu meio sem sentido, sem propósito. Nos dois anos anteriores, acordei animada, vesti azul e subi, feliz, o morro. Dessa vez, me faltou coragem. Mas, era uma espécie de compromisso. Nem sei direito com o quê ou com quem. Talvez, comigo. Talvez, com essa esperança na fé. Talvez. É complicado entender, quando a religião não é aprendida e sim apreendida. Mais pela intuição, que pela igreja. Você segue, sem saber exatamente pra onde, mas segue como se não houvesse outra direção. E vai. E eu fui. E tudo foi mais difícil, mais aperreado, mais demorado. Quase não chegava lá, quase perdia a paciência, quase passava mal só de olhar a multidão na escadaria. Mas, tem sempre essa força, que cada um nomeia como lhe convém e que faz seguir em frente. Ou, nesse caso, pra cima. 365 degraus. Segurando o corrimão vermelho por medo de cair. Olhando a água que descia veloz e pensando no que queria que ela lavasse e levasse embora. Um olhar vigilante logo atrás e o conforto das palavras "tá tudo bem". Parei no meio do caminho. Por causa da moça subindo de joelhos, por causa da senhora que mal podia andar, por causa do sol, do calor, do cansaço, do fôlego que falta. Lá no alto, pela primeira vez, meu olhar sabia exatamente o que procurar. E chorei. Por tudo. Por todos. Pelo que dói, pelo que assusta, pelo que paralisa. Um choro desses que vem lá do fundo da alma, onde nem o pensamento alcança. Pedi força e coragem. Agradeci, porque sempre há pelo que agradecer. Senti amor e alento, de um jeito que não dá pra explicar a quem não esteve lá, a quem não está aqui dentro. 2010 ficou pra trás. Que 2011 seja mais leve.