quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ainda não vi essa fotografia.

Essa em que você aparece de vestido branco e cabelo solto. Essa de quando o seu cabelo ainda era comprido, ainda era castanho, ainda era cacheado. Quantos anos você tinha? 13, 14? Você com pés descalços na areia. Os pés grandes demais pro resto do corpo. “Como é franzina essa menina”, lembra? Uma promessa de mulher. O vestido branco dançava ao seu redor e você sorria na fotografia. Essa que eu ainda não vi.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O teu nome.

Ranger de dentes em noite escura. O barulho do mar quebrando. Quebranto. Reza pra Nossa Senhora, minha filha. Um terço inteiro. Enquanto esse nó no peito, desata. Falta o ar, mas deve ser o calor. Faz muito calor, mesmo quando chove. E chove. Chuva de janeiro. Chuva que vem forte e vai embora, feito esse pensamento. Intrometido.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O meu bom dia abusado.

O chão de madeira sob o sol, sobre a cidade. O chão de madeira esquenta. Da luz que entra pela janela, poeira. Ouço o barulho na cozinha. É você. O barulho na cozinha, os recados na geladeira, o cheiro de café e pão torrado. O piso alaranjado é feio. As cerâmicas de duas cores, desequilibram. Mas você, de tanto sol, amorenou. Eu reparo. Paro e acho bonito. Esqueço de fechar a torneira da pia, enquanto lavo os pratos e ouço a sua voz de sono reclamar: “olha a água do mundo”. O meu bom dia abusado.