Ele tinha 14 anos, era paulista e surfava. Da nossa turma, era o único que namorava. Duas Julianas antes de mim. Quando pensava nessas coisas, achava que ele era muito mais esperto que eu, que ainda brincava de boneca. Duas Barbies.
As minhas amigas não sabiam que ainda brincava de boneca. Como pulei um ano no colégio, as meninas tinham 13, 14 anos, enquanto eu ainda ia completar 12. Nessa época da vida, um ano faz uma diferença medonha, entre usar sutiã ou não, por exemplo.
Mas, aí, esse menino, aquele do começo do texto, começou a me paquerar. Eu sentia muita vergonha e achava muito impossível, porque as outras meninas eram muito mais mulherões que eu. E sabidas. E já tinham beijado na boca e sabiam super bem o-que-como-fazer.
No dia em que ele disse que queria falar comigo, gelei. A sorte é que a mãe da melhor amiga chamou pra jantar nessa exata hora e fomos todas pro 801. Comer, não pude. Fiquei repassando o que me ensinaram: abre a boca e coloca a língua dentro da boca dele. Ok, acho que consigo.
Depois, fomos em comitiva até a garagem, onde ele estava me esperando. Entre meninos e meninas, uns dez. Ouvi um assovio. Fiquei parada, sem entender, enquanto me empurravam em meio aos vai-lá-é-ele. E fui. Coração explodindo de nervoso no peito. Ele pegou no meu cabelo e perguntou se eu queria levar a sério. Como assim, levar a sério? Tava rolando alguma coisa entre a gente e eu nem sabia? Mas, a única resposta ensaiada e possível era sim e foi exatamente o que eu disse, feito noiva no altar: sim!
Na hora do beijo, houve aplausos. Findo esse momento, cada um foi para um lado, contar aos seus pares detalhes sobre o acontecido. Foi aí que descobri que NENHUMA das meninas tinha beijado antes na vida e achei que eram umas sacanas me jogando na fogueira daquele jeito! Chateada, fui brincar com o irmão mais novo do então namorado, pegando baratas pelas antenas, que era coisa menos nojenta.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Daqueles sentimentos que te levam num "sei lá onde" de infância, descobertas e gelados na barriga. A. Era tão bom. Estrelas, menina.
Os amores e as amizades da infância são os melhores, os mais eternos, os mais sinceros. Lindo texto.
adoro sempre.
"pegar baratas pelas antenas"
Tem coisa melhor que as descobertas da infância/adolescência com frio na barriga e gelo nas mãos? Lindo texto, linda experiência.
beijos,
Sabrina
kkkkkkkkkkkkk ri demais. Muito bom, muito bom.
Postar um comentário