segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Estilhaços de vidro. Afiados. Cato os cacos. Corto os dedos. Vou juntando os pedaços. Esboçando um desenho de mim mesma. Novo. Torto. Desalinhado. Cheio de falhas. Cheio de farpas. Caleidoscópio. Pequenos fragmentos formando um todo que ainda não é, que ainda não sou. Por enquanto, gambiarra. Engano. O riso, os gestos, as palavas doces. Enquanto um bicho selvagem preso no peito, grita. Arranha e arranca as unhas. Maltrata pra não morrer. Sufoca pra respirar. Eu finjo. E trinco os dentes pra dor passar. Não passa. Estilhaços de vidro. Afiados. Cato os cacos. Corto os dedos. Vou juntando os pedaços.

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