sexta-feira, 24 de junho de 2016

Tem esse mar, que não dá pé.

Você nada. Mãos, braços, pernas. Tudo é movimento, pra não submergir. Um esforço interminável. Um cansaço inimaginável. O corpo arde. De sol e de sal. A alma sente. O sal e o sol e o cansaço e o esforço. Implacáveis. O que antes era beleza, dói. Até que você conversa com ela, que é Rainha desse Reino, e lhe diz que o melhor é se deixar levar. Parar de remar contra a maré. É mais fácil, mais leve, mais doce seguir a correnteza. Porque, na verdade, não há outro caminho, sabe? Nem outro sentido. É seguir o fluxo do tempo, da vida, do coração. E sim, isso assusta um bocado. Talvez, você vá parar lá no meio do mar e demore muito, muito, muito pra conseguir voltar à terra firme. Mas, talvez, acabe numa praia bonita, de areia branquinha. E é esse pensamento que precisa ser seu guia. Essa crença, essa fé, essa esperança. Porque as ondas não estão só do lado de fora, não. Mas do lado de dentro também. E essas, sim, são gigantescas e indomáveis. A saída é que não há saída, você só se entrega e vai. Navega. Até uma hora, cedo ou tarde, aportar.

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